Ausência de Mortágua marca campanha do BE, PAN luta pelos "valores" do partido

Detenção da flotilha humanitária foi tema para lá da campanha bloquista, sendo assunto quase obrigatório nas declarações aos jornalistas dos restantes líderes.

09 de outubro de 2025 às 08:53
Mariana Mortágua agradece apoio diplomático em Israel e foca-se nas autárquicas em Leiria Foto: Paulo Cunha/Lusa_EPA
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A campanha do BE ficou marcada pela ausência da líder, Mariana Mortágua, que regressou, entretanto, após ser detida em Israel, enquanto Inês Sousa Real aposta em reforçar, de norte a sul, a presença dos valores do PAN nas autarquias.

Com a campanha autárquica do BE a começar sem a coordenadora do partido, Mariana Mortágua, que integrou uma flotilha humanitária rumo a Gaza intercetada por Israel, os bloquistas fizeram-se representar pela dirigente Marisa Matias até ao regresso da líder - que aconteceu esta terça-feira, uma semana depois do arranque da campanha.

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A campanha do Bloco de Esquerda, que começou em Torres Novas, Santarém, passou também pelos distritos de Castelo Branco, Aveiro, Porto e Lisboa, mas, mais do que as questões locais, foi a ausência de Mortágua o principal assunto dos bloquistas na estrada, com Marisa Matias, que acompanhava a situação dos ativista portugueses enquanto a campanha se desenrolava, a abordar diversas vezes a questão.

A detenção da flotilha humanitária foi tema para lá da campanha bloquista, sendo assunto quase obrigatório nas declarações aos jornalistas dos restantes líderes e levou a várias críticas da esquerda ao líder do CDS-PP e ministro da Defesa, Nuno Melo, que atacou os ativistas portugueses detidos a caminho de Gaza.

A nível programático, os bloquistas, muitas vezes acompanhados de dirigentes do Livre, PS ou PAN (parceiros em várias coligações, colocaram no centro do discurso a crise da habitação - com críticas, em particular, ao executivo lisboeta liderado por Carlos Moedas -, os direitos laborais, a saúde e os transportes, que foi o tema abordado no regresso de Mortágua à comitiva bloquista.

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O concelho de Lisboa - onde a coligação "Viver Lisboa" (PS/Livre/BE/PAN) procura suceder ao social-democrata Carlos Moedas - foi um dos grandes focos da campanha bloquista, com críticas à direita e apelos à unidade à esquerda para "mudar o país" e, em particular, a capital.

No comício da coligação de esquerda de segunda-feira, a dirigente Marisa Matias falou desta candidatura como "herdeira de Jorge Sampaio", afirmando que todas as pessoas de esquerda do país "estão a torcer por Lisboa porque querem um mundo mais justo" e que é preciso "virar a página do desastre que foi o mandato de Carlos Moedas".

O Bloco de Esquerda estabeleceu já cerca de duas dezenas de coligações à esquerda no âmbito das eleições autárquicas de outubro, um aumento significativo face a 2021, numa altura em que o partido almeja recuperar do desaire nas legislativas.

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Já o PAN, tem a porta-voz, Inês de Sousa Real, a liderar a comitiva de norte a sul, sobretudo no litoral, com o objetivo já declarado de aumentar a representação local do partido. Atualmente, o PAN não tem qualquer vereador, mas elegeu 23 representantes em assembleias municipais e tem 16 eleitos em assembleias de freguesias.

Apesar desse objetivo, Sousa Real admitiu que, "acima de tudo", quer implantar o "valores do PAN nas várias autarquias", uma ideia lançada no Porto, num evento de campanha do candidato Filipe Araújo, cuja candidatura independente é apoiada pelo partido.

Como parte integrante de coligações com parceiros que vão desde o BE até ao CDS - uma opção que mereceu, inclusive, críticas internas à líder - Sousa Real frisou que, mais do que a aliança partidos de esquerda ou direita, o PAN "norteia-se por causa e por valores que são irrenunciáveis".

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Assim, o partido assumiu como principais bandeiras de campanha a sustentabilidade das cidades, a proteção animal e a defesa dos "mais vulneráveis", apelando a mais justiça social, direitos das crianças e combate à violência doméstica.

Em Lisboa, onde o partido, que integra a coligação liderada pela socialista Alexandra Leitão, procura manter a representação na Assembleia Municipal, Inês de Sousa Real disse não haver "outra oportunidade de fazer história" na capital, criticando Carlos Moedas por ter permitido que o sentido de comunidade em Lisboa tenha ficado para "trás" para se virar para "roteiros turísticos e unicórnios".

Apesar da prioridade às causas e questões locais, Inês de Sousa Real não evitou comentar as questões de atualidade nacional que foram surgindo ao longo da campanha, tendo, esta quarta-feira, acusado o primeiro-ministro de se vitimizar face ao caso da empresa Spinumviva, exortando-o a prestar "toda a informação" às autoridades para se poder dedicar ao país.

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