Presidentes das câmaras de Lisboa e do Porto e o físico Carlos Fiolhais marcaram presença na conferência que marca os 45 anos do CM.
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O Correio da Manhã celebra esta terça-feira 45 anos com o evento 'Redação Aberta' a decorrer ao longo do dia no Porto e em Lisboa.
"O Caso Marquês marca o jornalismo e o Correio da Manhã. Foi aqui, nesta casa, que se escreveu a primeira vez o desfasamento da vida de José Sócrates. Demos início a uma investigação que ainda hoje abala o nosso sistema democrático", disse.
A jornalista lembrou o papel "fundamental" do jornalismo para a democracia e reforçou que a denúncia faz parte da profissão.
"É de facto um ato de coragem mas também é a nossa obrigação", afirmou.
Tânia Laranjo referiu ainda que "não há nenhum poder que não possa ser fiscalizado pelo jornalismo, até mesmo o jornalismo".
A jornalista Ana Isabel Fonseca acrescentou que saber que se ajudou a denunciar é a "melhor recompensa". Lembrou que as pessoas olham para o Correio da Manhã "como alguém a quem podem recorrer para denunciar".
Para a jornalista, o trabalho que faz para as pessoas é fundamental.
"Se puder ajudar uma pessoa com o meu trabalho, já cumpri a minha missão", garantiu.
Ana Isabel Fonseca lembrou o caso Rui Pedro e salientou o papel do Correio da Manhã durante a investigação. "O trabalho que o Correio da Manhã fez, foi, não só, reconstituir aquilo que aconteceu, mas também contar as falhas da investigação. Existiam muitas falhas que o Correio da Manhã ajudou a denunciar", disse.
Durante a sessão de perguntas, quando questionada sobre os desafios do jornalismo, a jornalista Tânia Laranjo salientou que o "grande desafio é o tempo", lembrando que é necessário existir um grupo de trabalho "coeso" e que consiga "lidar com o tempo".
Ana Isabel Fonseca lembrou que apesar de, por vezes, existirem pressões exteriores para deixar de investigar determinados casos, não se pode "ceder".
As jornalistas deixaram alguns conselhos aos estudantes de jornalismo: "É essencial saberem aquilo que se está a passar no país e no mundo e procurarem aquilo que vai ser a vossa área".
A jornalista Tânia Laranjo finalizou lembrando a importância da leitura para o jornalismo.
Jornalismo de Proximidade
A jornalista Sara Carrilho iniciou o novo painel com o tema "Jornalismo de Proximidade" em entrevista a Secundino Cunha e Armando Esteves Pereira.
O diretor-geral editorial adjunto do CM, Armando Esteves Pereira, recordou que "o Correio da Manhã sempre foi um jornal muito próximo das pessoas".
"O Correio da Manhã é da rua até ao mundo", disse.
Secundino Cunha referiu que o jornalismo de proximidade não tem tanto que ver com o jornalismo local, mas sim com "tudo que seja realmente importante".
"Muita gente viu problemas, até pessoais, resolvidos devido ao nosso jornalismo de proximidade", disse.
O jornalista lembrou que as dificuldades que o jornalismo enfrentava antigamente são muito distintas das dos dias de hoje. Dando o exemplo do tempo que se demorava para se publicar as notícias, enquanto hoje em dia existe um efeito quase imediato.
Armando Esteves Pereira salientou que "o que fica na memória é a intensidade que marca o Correio da Manhã", e lembrou que o CM "não nasceu líder".
Foi o "dar rosto e foco àquilo que não aparecia nos outros jornais" que fez do Correio da Manhã líder, acrescentou.
Quando questionado sobre os desafios do jornalismo, Secundino Cunha salientou o uso do jornal em papel.
"O jornalismo sempre viveu em constante mudança. Hoje, em particular, vivemos naquela indecisão se o papel vai demorar muito tempo, mais tempo, menos tempo", afirmou.
O jornalista lembrou ainda as dificuldades de trazer um jornalismo real para a sociedade quando existem sites que não fazem jornalismo a publicar conteúdo como se fossem notícias.
"Há uma boa notícia para o jornalismo. O nosso trabalho nunca foi tão visto como agora. Temos milhões de pessoas a ver o nosso trabalho. O problema é que quem fica com o dinheiro desse trabalho não é a empresa, mas sim a META, o Google", disse Armando Esteves Pereira.
Durante a sessão de perguntas, à questão sobre a dificuldade de colocar a opinião pessoal de lado quando se faz notícias, Secundino Cunha disse que "ninguém consegue sair da sua pele", mas que é possível ser "racional".
Armando fechou o painel fazendo um apelo à leitura.
Jornalismo e Inteligência Artificial
O diretor-adjunto do Correio da Manhã, Alfredo Leite, abriu o terceiro debate questionando se a Inteligência Artificial é uma ameaça ou uma oportunidade. O físico e professor universitário, Carlos Fiolhais, respondeu que se trata de "uma grande oportunidade e tem algumas ameaças."
"O mundo mudou completamente. A inteligência artificial aproveita todas as capacidades tecnológicas que existem para estar aí, para estar presente", disse.
O professor lembrou o perigo que a inteligência artificial pode ter para o jornalismo e as barreiras e dificuldades que os profissionais enfrentam.
"Com essas ferramentas podem fazer-se notícias falsas que podem perturbar a sociedade", afirmou.
Para Reginaldo Almeida "a inteligência artificial tem de ser desmitificada, pelo lado bom".
Reginaldo acrescentou que "com a inteligência artificial o que interessa é a formulação da pergunta".
"A inteligência artificial é uma ferramenta que vem contribuir para a formação de um bom jornalista. Porque vai obrigá-lo a formular boas perguntas", disse.
Durante a sessão de perguntas, quando questionado como se pode distinguir as 'fake news' de notícias reais, Carlos Fiolhais afirmou que é "muito difícil distinguir o que é real do que é inventado. Isso é uma dificuldade do mundo moderno".
Reginaldo Almeida finalizou dizendo que "a inteligência artificial vem contribuir para que se possa continuar a fazer o jornalismo de verdade".
Jornalismo e Democracia
José Carlos Castro iniciou o quarto e último painel desta manhã, no Porto, questionando sobre relação entre o jornalismo e a Democracia na atualidade.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse que a estes dois instrumentos "apareceu um novo elemento, as redes sociais". O autarca acrescentou que com as redes sociais "é necessário ter um filtro" antes de falar, o que acaba por restringir a liberdade.
Para Rui Moreira, a "democracia está sempre em perigo" e se "não a tratarmos como estando em perigo, ela morre".
O autarca do Porto acredita que o escrutínio é necessário para jornalismo de qualidade.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, começou por lembrar o pai, que era jornalista. "Eu vi o que era o meu pai ser perseguido por aquilo que escrevia", disse.
Para Moedas ser jornalista "é uma vocação, é uma coragem", lembrando que atualmente é "preciso ainda mais coragem" para se ser jornalista, porque "a tecnologia está a matar a democracia e o jornalismo sofre com isso".
Carlos Moedas anunciou que vai alterar os estatutos da empresa municipal de cultura para passar a apoiar projetos jornalísticos e acredita que deveria acontecer noutras autarquias.
Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da Medialivre, lembrou que a "dificuldade de fazer chegar os jornais a todo o país" é um grande desafio para a democracia.
Carlos Rodrigues foi questionado sobre a monetização do jornalismo e frisou que "a qualidade da democracia depende da qualidade do jornalismo e a qualidade do jornalismo depende do jornalismo ser pago".
José Carlos Castro fechou o painel abordando o tema da greve geral dos jornalistas e lembrou que o compromisso do profissional é com "as pessoas" e não com "o salário".
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