Dezenas de países da COP30 protestam contra ausência de avanços
Protesto foi oficializado numa carta assinada por mais de 30 países na madrugada desta sexta e enviada ao presidente da COP30, André Correa do Lago.
Dezenas de países de vários continentes que enviaram delegações oficiais à COP30, a conferência mundial sobre mudanças climáticas que começou dia 10 na cidade brasileira de Belém do Pará e devia encerrar-se esta sexta-feira, protestaram esta sexta-feira contra a ausência de resultados práticos e até de retrocessos. O protesto foi oficializado numa carta assinada por mais de 30 países na madrugada desta sexta e enviada ao presidente da COP30, o brasileiro André Correa do Lago.
Na carta, que contém termos duros evidenciando a deceção e a irritação com a ausência de resultados práticos da conferência, considerada esta quinta-feira pelo presidente Lula da Silva como a melhor COP já realizada no mundo, os países signatários ameaçam não assinar a declaração final da COP30, cujo rascunho foi apresentado por Lago perto das três horas da madrugada desta sexta-feira pelo horário brasileiro, seis horas da manhã em Lisboa. Entre os países que assinam a carta estão nações da Europa, a maioria, da Ásia, da América Latina e vários pequenos estados localizados no Oceano Pacífico.
A principal revolta desses países é a não inclusão na declaração final do mapa da transição energética, que estabelecia metas nacionais, prazos e ações concretas para que os países deixassem de usar combustíveis fósseis, como o petróleo, e adotassem energias limpas. Outra coisa que também está fora do rascunho de declaração final é um fundo milionário que financiaria essa transição em países com menos recursos económicos e mais dependentes do petróleo, ou porque é a base da sua economia ou porque sem ajuda não conseguem aceder a outros tipos de energia.
Estas duas questões, as metas para a transição energética e o fundo mundial de financiamento climático, eram as duas principais metas da COP30, propostas e defendidas de forma ardorosa por Lula, mas que parece terem sido abandonadas. Na verdade, numa manobra ardilosa coordenada pelo próprio Lula da Silva, as duas propostas foram deixadas de fora da agenda oficial logo no início da COP30 exatamente por serem polémicas, com a promessa de que seriam incluídas nas discussões e na declaração final até ao final da conferência, o que não aconteceu.
A COP30 deveria ter esta sexta-feira os acertos finais sobre a extensa lista de temas e a cerimónia de encerramento, mas dificilmente isso acontecerá. A falta de acordo e de avanços em quase todas as áreas já era uma realidade até esta quinta-feira, e, para piorar tudo, um incêndio obrigou a evacuar a COP30 na tarde de ontem, e só esta sexta-feira a área destinada às delegações será reaberta, mesmo assim parcialmente, e a COP30 poderá ter de ser estendida até amanhã ou domingo. (FIM).
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