Estados decisivos: as batalhas que vão ditar o futuro da América
A poucas semanas do dia decisivo, há estados fulcrais na batalha pela Casa Branca que permanecem como pontos de interrogação.
Assim designados por serem estados cuja tradição de voto não pende historicamente para democratas ou republicanos, os ‘swing states’, na hora decisiva, podem guinar à esquerda ou à direita, deitar tudo a perder ou coroar um vencedor, e têm vindo a alargar-se geograficamente nas últimas décadas, razão pela qual são o trunfo final dos candidatos no que aos gastos em campanha diz respeito.
Do tradicional Rust Belt, cintura industrial dos EUA – que inclui a Pensilvânia e o Michigan –, a estados de pendor rural como o Wisconsin, juntaram-se, nos últimos anos, o Arizona (explicado pelo aumento da população latina), a Carolina do Norte (pelo crescimento da comunidade afro-americana), o Nevada e a Georgia, este último decisivo na eleição de 2020.
Na Pensilvânia, estado natal de Joe Biden, e por este ganho em 2020, a economia é uma questão incontornável. Segundo a análise da agregadora de dados Datasembly, o estado foi o que registou o maior aumento do custo de bens essenciais no país, e isso pode refletir-se negativamente contra Harris.
Democrata em 2020, o Michigan tem a maior proporção de árabes americanos dos EUA e, com o apoio declarado de Biden a Israel, temia-se que pudesse pender para Trump. Contudo, Harris tem vindo a inverter a retórica e a aparente posição pró-Gaza da candidata pode ser importante.
Trump vê, no Wisconsin, um estado “verdadeiramente importante” e foi este, aliás, o palco escolhido para a convenção de verão do Partido Republicano. Ganho em 2020 pelos democratas, os 10 votos do colégio eleitoral que o Wisconsin representa são dignos de disputa.
Dez mil votos. Foi esta a diferença do vencedor, Joe Biden, para Trump no Arizona, em 2020. Fronteira alargada entre os EUA e o México, a imigração é um tópico central no estado, que recentemente viu restituído o acesso ao aborto até às 15 semanas, uma decisão histórica, impulsionada pelos democratas.
Palco do primeiro comício pós-tentativa de homicídio de Trump, e ganho pelo republicano em 2020, na Carolina do Norte disputam-se 16 votos do colégio eleitoral. Encaminhado para Trump, a ascensão de Harris veio apertar a corrida, agora mais renhida que nunca.
Em 2020 foi Joe Biden quem venceu no Nevada. No entanto, o Silver State tem atualmente a mais alta taxa de desemprego do país, 5,1%, em parte devido à lenta recuperação económica pós-Covid-19. Trump era, até à entrada em cena de Harris, o favorito. No final, qualquer candidato sabe que em jogo estão as necessidades – e votos – de uma larga comunidade latina.
O estado da Georgia, ganho em 2020 por Biden, foi o começo de um longo capítulo judicial para Donald Trump. A diferença, de apenas 13 mil votos, levou o ex-Presidente a declarar fraude e isso valeu-lhe um processo por conspiração. Desta feita, Harris ou Trump sabem que, independentemente dos tópicos em debate, têm pela frente um estado onde um terço da população é afro-americana, e esse, tal como em 2020, pode vir a ser um trunfo importante.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt