Relatório revela que políticas comerciais mais protecionistas vão manter-se após eleições nos EUA

País norte-americano adotou este tipo de política comercial desde que Donald Trump iniciou uma guerra comercial com a China.

16 de outubro de 2024 às 13:59
EUA, China Foto: Frederic J. Brown/ Getty
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A tendência para a administração norte-americana seguir políticas comerciais protecionistas vai manter-se após as eleições presidenciais de 5 de novembro, qualquer que seja o vencedor, revela um relatório da Crédito y Caución divulgado esta quarta-feira.

Segundo o relatório "Eleições nos EUA: Em que direção soprarão os ventos comerciais?", os Estados Unidos adotaram uma política comercial "decididamente mais protecionista" desde que o antigo presidente Donald Trump iniciou uma guerra comercial com a China, em junho de 2018.

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Desde então, o peso do 'gigante' asiático nas importações norte-americanas caiu de 22% para 14%, com o México, a União Europeia e a Ásia emergente a compensarem essa queda.

No entanto, o relatório aponta nuances importantes para a evolução do comércio mundial em função dos resultados eleitorais nos EUA.

O antigo presidente Donald Trump propõe o regresso ao protecionismo agressivo do seu primeiro mandato.

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No centro da sua política comercial está a proposta de uma tarifa de 60% sobre as importações chinesas e de uma tarifa universal mínima de 10% sobre todas as importações para os EUA. Apesar de a China continuar a ser o alvo principal das suas políticas protecionistas, a tarifa universal afetaria todas as importações, perturbando as cadeias de abastecimento globais, segundo o relatório.

Os direitos aduaneiros gerais teriam um impacto no crescimento do comércio mundial e provocariam medidas de retaliação por parte de parceiros comerciais como a União Europeia e os países do Sudeste Asiático, como o Vietname, a Índia ou a Tailândia.

Já as políticas protecionistas da vice-presidente Kamala Harris, provavelmente dariam continuidade à abordagem comercial do atual governo norte-americano, liderado por Joe Biden.

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A sua trajetória reflete o ceticismo em relação aos acordos de livre comércio em larga escala se estes não abordarem preocupações laborais e ambientais.

Segundo a Crédito y Caución, o acordo global sobre o aço e alumínio sustentáveis, que tem sido fundamental para reorientar as relações com a União Europeia, oferece uma indicação de como Kamala Harris orientaria a política comercial dos EUA, promovendo parcerias regionais na América Latina e na Ásia para criar cadeias alternativas à China, nas quais os direitos laborais e as regulamentações ambientais seriam reforçados.

Assim, independentemente do resultado eleitoral, a Crédito y Caución prevê que as empresas de todo o mundo aprofundem a diversificação das suas cadeias de abastecimento para se protegerem contra o crescente protecionismo.

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No entanto, as consequências para o comércio mundial variarão em função dos resultados eleitorais nos EUA.

De acordo com as estimativas contidas no relatório, no final de uma hipotética segunda presidência de Donald Trump, em 2029, o comércio mundial de bens seria 4% menor do que com uma hipotética presidência de Kamala Harris.

Os exportadores dos Estados Unidos, em particular, sofreriam mais do que qualquer outro mercado neste cenário, devido às tarifas retaliatórias e à queda da procura externa: as suas vendas ao exterior seriam 12% inferiores.

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A curto prazo, o México sofreria as consequências mais graves deste cenário de protecionismo agressivo, enquanto a longo prazo a China seria a maior perdedora, com quedas de cerca de 5,8% nas suas exportações em comparação com os níveis atuais, de acordo com a análise.

Os países asiáticos emergentes, como a Índia ou o Vietname, poderiam beneficiar a longo prazo da substituição comercial da China, mas eventuais restrições de segunda ordem poderiam impedir esses benefícios, conclui o relatório.

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