Israel quer transferir palestinianos para o Sudão do Sul
Negociações com o país africano estão em curso. Netanyahu diz que "quem quiser sair" deve poder fazê-lo
Israel estará em negociações com o Sudão do Sul sobre a possibilidade de transferir civis palestinianos de Gaza para aquele país africano, no que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu descreve como "migração voluntária".
A notícia foi avançada pela agência Associated Press, que cita seis pessoas com conhecimento das negociações em curso entre os dois governos. O governo do Sudão do Sul negou a existência das negociações e Israel não comentou. A vice-ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Sharren Haskel, chegou esta quarta-feira ao Sudão do Sul para contactos com as autoridades locais, mas o seu gabinete garantiu que a transferência dos civis palestinianos não faz parte da agenda.
Na terça-feira à noite, em entrevista ao canal de televisão i24, o primeiro-ministro israelita defendeu a transferência voluntária dos palestinianos de Gaza, mas não mencionou o país africano. "Devemos dar-lhes a oportunidade de sair. Primeiro, das zonas de combate, e também da Faixa de Gaza, se for esse o seu desejo", afirmou Netanyahu, sublinhando que se trata de um processo voluntário. "Não estamos a expulsar ninguém, apenas a permitir que saiam", garantiu, acrescentando que "todos aqueles que dizem que estão muitos preocupados com os palestinianos e que querem ajudar os palestinianos deviam abrir-lhes as portas e deixar de dar sermões a Israel".
O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu no início do ano a transferência dos palestinianos para outros países para construir uma 'Riviera' em Gaza, visão que Netanyahu e muitos dos seus ministros dizem partilhar.
Além do Sudão do Sul, um dos países mais pobres do mundo, Israel terá explorado nos últimos meses a possibilidade de transferir os civis palestinianos para o Sudão, a Somália e a região separatista da Somalilândia.
Os planos de Israel para transferir civis de Gaza têm sido denunciados como uma tentativa de limpeza étnica. A deslocação forçada da população de um território, recorde-se, é considerada como crime de guerra ao abrigo das leis internacionais.
Relatora da ONU contra “distração”
A relatora especial das Nações Unidas para os Território Ocupados, Francesca Albanese, avisou esta quarta-feira que as discussões sobre o reconhecimento do Estado palestiniano “não devem distrair as atenções” dos Estados-membros da organização daquilo em que deveriam estar focadas neste momento: “o genocídio” que Israel está levar a cabo e os esforços para ajudar Gaza.
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