Putin ameaça fechar gás à Europa
Presidente russo decretou que a partir desta sexta-feira os fornecimentos de gás à Europa terão de ser pagos em rublos.
O Presidente russo ameaça fechar a torneira do gás à Europa se a partir desta sexta-feira os fornecimentos contratados não forem pagos em rublos, a moeda russa. A França e a Alemanha (país mais dependente do gás russo) reiteraram esta quinta-feira a recusa em aceitar essa imposição, alegando que viola as condições contratuais. Mas Vladimir Putin emitiu um decreto nesse sentido e indicou que os pagamentos têm de ser feitos através de contas especiais no Gazprombank, banco associado à empresa estatal de gás.
“Se tais pagamentos não forem feitos, consideraremos isso um incumprimento da parte dos compradores, com todas as consequências daí decorrentes”, afirmou Putin na TV russa, concluindo: “Ninguém nos vende nada de borla e nós também não vamos fazer caridade, ou seja, os contratos existentes serão suspensos.”
Apesar do risco sério de o braço de ferro com Moscovo conduzir a uma súbita escassez de gás no mercado europeu, com forte impacto na produção industrial, Berlim e Paris prometem não ceder.
“Pode haver a partir de amanhã [sexta-feira] uma situação na qual já não há gás russo”, afirmou Bruno Le Maire, ministro da Economia francês, “e cabe-nos prepararmo-nos para estes cenários e estamos a preparar-nos”.
O homólogo alemão, Robert Habeck, frisou que “é importante não darmos um sinal de que vamos ceder a uma chantagem de Putin”, enquanto o chanceler Olaf Scholz destacou, por seu lado, que “as empresas querem, podem e vão pagar em euros”.
O PM britânico, Boris Johnson, referiu, igualmente: “Pagar em rublos não é algo que estejamos a ponderar.”
O Kremlin considerou, contudo, que o pagamento na moeda russa é pura questão cambial que em nada afeta os contratos. “Eles apenas adquirem rublos pelo valor em moeda que está previsto no contrato de fornecimento de gás”, sublinhou Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, garantindo que os preços finais das entregas de gás em nada são afetados. Peskov disse ainda que o novo sistema foi debatido em pormenor entre Putin e Scholz.
"Tropas russas não estão a fazer uma retirada"
“As unidades russas não estão a retirar-se, estão a reposicionar-se”, afirmou esta quinta-feira o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, concluindo que “a Rússia está a tentar reagrupar-se, reabastecer e reforçar a sua ofensiva na região do Donbass”. A análise da situação surge dois dias depois de Moscovo anunciar a suspensão parcial das operações em Kiev e Chernihiv “para reforçar a confiança mútua”. Na verdade, diz Stoltenberg, “a Rússia mantém a pressão sobre Kiev e outras cidades, sendo de esperar mais ações ofensivas.”
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