"Ainda não dormi, porque temo pelos meus filhos": Família ucraniana abre portas à vida em plena invasão russa
Casal e as filhas estão sem água e luz há dois dias. Tinham acabado de se mudar para a nova casa.
Apanhadas de surpresa no turbilhão de bombas, ataques aéreos e tanques nas ruas das cidades, várias família ucranianas viram sua vida completamente do avesso e agora vivem um verdadeiro pesadelo, com noites em branco, casas destruídas, bombardeamentos a qualquer instante, falta de luz, água e comida.
Uma família abriu portas ao que tem sido a sua nova ‘rotina’ desde que começou o conflito armado no país e revela ao The Sun que tem temido pela sua vida a cada momento.
Alexei e a mulher, Natalia, têm duas filhas, de 8 e 13 anos. Neste momento não têm luz ou água na casa para onde se haviam mudado há pouco tempo, em Donetsk. Como não têm bunker, dormem no chão, num corredor do piso inferior da casa, a divisão mais segura na habitação.
O mineiro e a família tinham acabado de comprar "a casa de sonho" pela qual ansiavam há mais de 10 anos. O sonho que ambicionavam tem sido "um pesadelo acordado a cada instante".
Alexei explica que "grande parte de Donetsk está sem condições". "Há dois dias que vivemos sem eletricidade ou água. O nosso único contacto com o exterior é o que conseguimos carregando um pouco o telemóvel no carro, para irmos sabendo o que se passa", lamenta o homem.
As noites, altura em que os bombardeamentos se têm adensado, são os momentos de maior horror. "Dormimos no corredor. Mas para dizer verdade ainda nem dormi desde que isto começou, porque temo pelos meus filhos. Não me sinto segura, nunca. Quando as explosões são muitas corremos a abrigarmo-nos na casa dos nossos vizinhos. É um barulho ensurdecedor. Não sei como, mas hoje as crianças já conseguiram dormir, apesar dos estrondos", diz a mulher ucraniana.
A família diz que já se habituou a ver tropas armadas nas ruas, mas admite não perceber se se tratam de russos ou ucranianos ao passarem. "O que mais temo é que a Ucrânia comece a responder na mesma moeda e invada a Rússia. Tenho medo que isto se torne numa enorme guerra", termina Natalia.
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