Zelensky pede à União Europeia que não pense na Rússia quando decidir sobre adesão da Ucrânia
Adesão da Ucrânia à UE em 2027 foi uma questão levantada nas últimas semanas.
O Presidente ucraniano advertiu, esta quinta-feira, que a data da adesão à União Europeia (UE) "é importantíssima" e pediu ao bloco comunitário que haja uma decisão sem pensar na Rússia, que seja apenas pelos critérios que o país cumpriu.
"Para nós, a data da adesão é importantíssima, mas não estou a falar para já de um dia ou um ano", disse Volodymyr Zelensky, em conferência de imprensa, depois de participar na reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
A adesão da Ucrânia à UE em 2027 foi uma questão levantada nas últimas semanas, apesar de países do bloco político-económico europeu, como Portugal, descartarem para já que aconteça nesse ano.
No entanto, o Presidente da Ucrânia pediu que sejam "os líderes da UE a decidir isso".
"O que não queremos é que sejam outros a decidir, a Rússia, por exemplo, ou mesmo outros dentro da UE, por razões políticas", disse Volodymyr Zelensky, aludindo à Hungria, um dos países da União Europeia que tem bloqueado apoio à Ucrânia e que descarta desde o princípio uma adesão a curto prazo do país invadido há quase quatro anos pela Federação Russa.
Volodymyr Zelensky falou também sobre as negociações mediadas pelos Estados Unidos da América com vista a alcançar um cessar-fogo e, eventualmente, um acordo de paz, mas disse que "o Donbass é uma questão que ainda não está resolvida".
"Temos ideias diferentes" de Moscovo, que quer legitimar o território anexado em 2022, e de Washington, que ponderou que a Ucrânia colocasse de parte a pretensão de reaver esta parte do país ocupada.
Durante esta quinta-feira e possivelmente sexta-feira, os líderes dos países da UE vão discutir uma proposta apresentada há duas semanas pela Comissão Europeia de utilizar os recursos russos congelados na União para financiar a Ucrânia em 2026 e 2027.
A ideia ainda não tem a aprovação garantida e deverá ser o tópico mais difícil da discussão desta quinta-feira.
Volodymyr Zelensky já não participará nesta discussão, que é apenas a 27, mas advertiu na conferência de imprensa que está em causa a sustentabilidade do país, não só financeira, como a capacidade de aguentar a invasão russa.
"Não queremos que este instrumento fique refém da Rússia, acredito que tudo fará para bloqueá-lo", defendeu, aludindo às ameaças que fez o Kremlin se a UE avançar com esta proposta, que utilizaria as receitas de ativos congelados nos países europeus para financiar o país que invadiu.
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