page view

Discurso de Joe Biden acentua discórdia com a Rússia

Casa Branca forçada a explicar que o Presidente dos EUA não defende uma estratégia de mudança de regime na Rússia.

28 de março de 2022 às 01:30

A visita do Presidente Joe Biden à Europa tinha o duplo propósito de reforçar a aproximação entre aliados e de travar a escalada da guerra na Ucrânia. Se o primeiro objetivo foi conseguido, já o segundo parece ter falhado rotundamente. De facto, em Varsóvia, na fecho de dois dias de visita à Polónia, o Presidente dos EUA disse que “Putin não pode continuar no poder”, frase que desde a noite de sábado a Casa Branca tenta emendar, ante a condenação de Moscovo, para garantir que os EUA não estão empenhados em promover uma mudança de regime na Rússia.

“O que o Presidente quis dizer foi que não se pode permitir que Putin exerça poder sobre os vizinhos e a região. Não estava a falar do poder de Putin na Rússia ou de mudança de regime”, afirmou prontamente a Casa Branca.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reiterou esta explicação e sublinhou: “Não temos uma estratégia para mudança de regime na Rússia nem, na verdade, em qualquer outro lugar.”

Mas o mal estava feito e em Moscovo ninguém ouviu explicações. Depois de o Kremlin lembrar que não cabe a Biden decidir, pois “o Presidente da Rússia é eleito pelos russos”, um deputado foi mais longe e chamou louco a Biden. “É assim que se comporta uma pessoa fraca e doente. Os psiquiatras poderão explicar melhor este comportamento”, disse Vyacheslav Volodin, presidente da Duma (câmara baixa do Parlamento russo), concluindo: “Os americanos deviam ter vergonha do seu Presidente.”

Mesmo entre os aliados a declaração não caiu bem. “Eu não teria usado essa frase”, afirmou o Presidente francês, Emmanuel Macron, dizendo que continua “a manter contactos com Putin”. Mas, do outro lado do quadro, na Ucrânia a afirmação mereceu aplauso. “Percebemos que um criminoso de guerra, que ataca um país vizinho, que comete atrocidades, não pode continuar no poder e cabe a todos nós parar Putin”, afirmou Oksana Markarova, embaixadora ucraniana na ONU.

Espionagem diz que Rússia quer dividir a Ucrânia

O chefe da espionagem ucraniana afirmou este domingo que a Rússia quer criar na Ucrânia “um cenário coreano”, dividindo o país em dois. Kyrylo Budanov diz que a ofensiva de Vladimir Putin está estagnada e em risco de fracassar, pelo que agora o Presidente russo está concentrar-se em consolidar posições no Leste e no Sul da Ucrânia. Caso consiga ligar o Donbass com a região Sul e a Península da Crimeia, tentará então, diz Budanov, criar uma linha de demarcação separando essas áreas do resto do país, como aconteceu na guerra da Coreia.

Zelensky proibido por governo russo

Civis forçam retirada russa em Slavutych

Zelensky critica Ocidente

O que a Ucrânia precisa para derrotar a Rússia é só 1% dos aviões da NATO e 1% dos seus tanques, disse, para concluir: “É isso que os nossos parceiros têm e está a ganhar pó” nas suas mãos.

Zelensky lembrou que passou mais de um mês de espera por apoio decisivo e perguntou, com ironia: “Quem manda na comunidade Euro-Atlântica? Será ainda Moscovo, por causa da intimidação?”.

Antes deste discurso, Zelensky falou com o homólogo polaco, Andrzej Duda, e manifestou desapontamento pelo facto de os aviões polacos não terem sido entregues.

Neutralidade na agenda

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deu uma entrevista por videoconferência a jornalistas russos, na qual disse estar pronto a discutir com a Rússia o estatuto de neutralidade da Ucrânia e também a qualidade de país não nuclear, mas frisou que para isso "será preciso que a proposta seja colocada a referendo" e intermediada por uma terceira parte, de modo a obter garantias de segurança.

Rússia revela alvos atingidos

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8