Jornalistas estão em perigo e sem vistos para entrarem noutro país.
A jornalista russa Galina Timchenko, fundadora do jornal independente Medusa, a operar no exílio, disse esta quinta-feira que muitos jornalistas da Rússia estão a abandonar o país e precisam "desesperadamente" de apoio da União Europeia.
"Os nossos jornalistas que saíram da Rússia para os países da União Europeia não têm vistos e, infelizmente, a União Europeia não está a mostrar empenhamento na atribuição de vistos de forma rápida. Os jornalistas estão em perigo e precisamos de apoio na obtenção de vistos, assim como nas transações bancárias", assinalou.
Responsável pela Meduza e exilada na Letónia há oito anos, Galina Timchenko participou num debate 'online' sobre a sobrevivência do jornalismo independente na Rússia organizado pelo organismo Presseclub Concordia, com sede na capital austríaca.
Galina Timchenko disse que atualmente a principal preocupação do Medusa é a cobertura da guerra na Ucrânia para a sociedade russa, alertando que o regime do Presidente Vladimir Putin está a levar a cabo "o maior ataque" contra o jornalismo no país, provocando um êxodo de jornalistas para o estrangeiro.
No passado dia 04, os deputados russos aprovaram leis que permitem considerar a cobertura independente da invasão da Ucrânia como um crime de traição contra o Estado, punível com uma sentença de até 15 anos de prisão.
"Na quarta-feira, o governo russo anunciou que está a criar uma 'lista negra' com os nomes de todos os jornalistas que trabalharam no passado em agências internacionais e nos portais independentes. Os nossos jornalistas estão em perigo, mas continuamos a transmitir notícias", acrescentou Galina Timchenko.
O portal de notícias Meduza tem três repórteres a trabalhar na Ucrânia, mas os profissionais em Moscovo são obrigados a permanecer na "clandestinidade" porque "correm risco de vida" por relatarem "a verdade".
"Nós continuamos a publicar notícias através de todas as plataformas, tal como há oito anos quando ocorreu a invasão russa do Donbass (leste da Ucrânia) e a anexação da Península (ucraniana) da Crimeia. Usamos 'news-letters', redes sociais ou sistemas de mensagens por telemóvel. Neste momento aumentámos a audiência para dois milhões de leitores, apesar do nosso portal estar bloqueado na Rússia, usamos todos os meios possíveis: Telegram (serviço de mensagens) ou o correio eletrónico", explicou.
"O jornalismo na Rússia está a ser destruído, a palavra 'guerra' está proibida estando apenas autorizada a designação 'operação especial'" disse Timchenko, destacando que ainda há alguns focos de "resistência jornalística" na Rússia como o Novaia Gazeta, o portal Meduza e "outras pequenas publicações".
No mesmo debate participou o jornalista Kirill Martynova, do jornal independente Novaia Gazeta, que na terça-feira publicou um artigo sobre a censura em tempos de guerra acompanhado de uma ilustração que considerou "histórica" - no atual contexto - e que mostra a explosão de uma bomba atómica sobre bailarinas do "Lago dos Cisnes", de Tchaikovsky.
"Tratou-se de uma posição editorial muito forte porque na verdade não podemos fazer a cobertura da guerra", disse o jornalista Kirill Martynov.
"Também temos alguns jornalistas no estrangeiro com as contas bancárias bloqueadas (devido às sanções internacionais contra os bancos russos) e sem 'estatuto legal' ou vistos apropriados. Era importante a União Europeia garantir a segurança dos nossos jornalistas que saíram da Rússia", frisou o subeditor do Novaia Gazeta.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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