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Soldados russos confessam massacre de civis em Bucha

Espiões alemães intercetam comunicações rádio em que militares russos discutem execuções.

08 de abril de 2022 às 01:30

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, alertou esta quinta-feira que a ofensiva russa no Donbass, Leste da Ucrânia, vai ser semelhante à Segunda Guerra Mundial. O alerta surge no dia em que os EUA confirmaram a saída das tropas russas da região de Kiev, para concentrarem meios no Leste. Entretanto, de acordo com a revista ‘Der Spiegel’, a espionagem alemã intercetou comunicações por rádio de militares russos que provam as atrocidades cometidas pelos russos em Bucha e noutras cidades e também que os massacres são parte de uma estratégia deliberada para semear o terror.

“Fará lembrar a Segunda Guerra Mundial, com operações de grande envergadura, com o envolvimento de milhares de tanques, veículos blindados, aviões e artilharia”, afirmou Kuleba na sede da NATO, em Bruxelas, sobre a temida nova ofensiva russa que se centrará no alargamento a zonas controladas nas províncias de Lugansk e Donetsk, parcialmente controladas por separatistas pró-russos desde 2014.

Entretanto, o Parlamento alemão terá sido confrontado na quarta-feira com as descobertas do BND, espionagem externa da Alemanha, que intercetou comunicações rádio nas quais soldados russos debatem a execução de civis em Bucha.

As mensagens descrevem alguns casos confirmados no terreno, garante a ‘Der Spiegel’. Numa delas, por exemplo, um soldado fala de matar uma pessoa que passa de bicicleta. Uma foto de Bucha mostra um corpo junto de uma bicicleta, possivelmente Irina, mulher de 52 anos identificada pela manicure que lhe tratou as unhas dias antes de ser morta.

“Primeiro, interrogas o soldado e depois matá-lo”, ouve-se noutra mensagem intercetada, que, a par de outras semelhantes, indica que não se tratou de atos isolados de soldados e sim de uma estratégia coordenada.

O massacre de Bucha, recorde-se, terá sido chefiado pelo tenente-coronel Azatbek Omurbekov, comandante da 64ª Brigada Motorizada de Fuzileiros. Essa retirou, entretanto, para a Bielorrússia a fim de ser destacada para o Donbass.

Algumas das comunicações intercetadas pelo BND provêm de locais ainda não identificados, o que indica a existência de atrocidades noutras cidades. Uma delas será Mariupol, bombardeada desde o início da ofensiva, a 24 de fevereiro.

Os dados do BND apontam igualmente para que “mercenários do Grupo Wagner, empresa privada militar russa, possam estar envolvidos nos massacres”, refere ainda a revista alemã.

Herói dos relvados pega em armas para defender a Ucrânia

Ihor Belanov, 61 anos, antigo futebolista, bola de ouro (melhor europeu) em 1986, pegou em armas (à esquerda na foto, numa trincheira) para defender a Ucrânia. De Odessa, foi avançado do Dinamo Kiev e duas vezes campeão soviético. Representou a URSS no Mundial de 1986 e foi vice-campeão no Euro 1988.

NATO promete mais apoio militar à Ucrânia

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, levou um só pedido à cimeira da NATO, em Bruxelas: mais armas. Jens Stoltenberg, secretário-geral da organização, garantiu que a NATO "fará mais" para ajudar a combater a invasão russa, mas não deu pormenores sobre o novo apoio militar. Limitou-se a falar de armas da era soviética e outras mais modernas, e de apoio na cibersegurança. Disse ainda que a NATO vai dar mais apoio militar à Geórgia e à Bósnia-Herzegovina.

Rússia suspensa do Conselho de Direitos Humanos

A Assembleia Geral da ONU aprovou esta quinta-feira, com 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções, a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo verde estão entre os abstencionistas, enquanto, como seria de esperar, Rússia e Bielorrússia votaram contra, bem como China, Coreia do Norte, Irão e Síria.

Zelensky aceita falar na AR

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, afirmou esta quinta-feira que o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, aceitou participar por videoconferência numa sessão na Assembleia da República em data ainda a acertar. "Recebi esta manhã a senhora embaixadora da Ucrânia [Inna Ohnivets] em Lisboa que me transmitiu a disponibilidade do Presidente Volodymyr Zelensky para participar numa sessão da Assembleia da República. A data será agora acertada", escreveu o presidente da Assembleia da República na sua conta na rede social Twitter. Na quarta-feira, a porta-voz da conferência de líderes, Maria da Luz Rosinha, transmitiu que a proposta de sessão parlamentar por videoconferência com o Presidente da Ucrânia foi aprovada por maioria e teve a oposição do PCP. Adiantou que a expectativa é que a intervenção do Presidente ucraniano aconteça na semana entre 18 e 22 deste mês, a seguir à Páscoa.

Pormenores

Bancos

Os bancos Sberbank e Alfa Bank, as maiores instituições financeiras da Federação Russa, minimizaram as sanções que os visam diretamente, impostas pelos EUA. "Não vão afetar significativamente o trabalho do banco nem se refletir nos serviços que oferecemos aos russos", garante o Sberbank.

Coimbra

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra lançou o ‘Manual de Apoio para Migrantes - Acessos a Cuidados de Saúde’, traduzido para a língua ucraniana, para facilitar o acesso ao sistema de saúde dos cidadãos ucranianos.

Lisboa

Cerca de 140 refugiados ucranianos, maioritariamente mulheres, vão aprender português na Universidade de Lisboa, uma iniciativa do Centro de Cultura e Línguas Eslavas da Faculdade de Letras. Conta com o voluntariado de professores que dominam ucraniano e russo.

Europa

O Parlamento Europeu deu luz verde ao desembolso imediato de mais de 3,4 mil milhões de euros para os Estados-membros da União Europeia que acolhem refugiados em fuga da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Petróleo

Os membros da Agência Internacional de Energia decidiram libertar 120 milhões de barris de petróleo das suas reservas estratégicas, para combater a volatilidade de preços causada pela guerra na Ucrânia. 60 milhões são dos Estados Unidos.

UNICEF

A subida do preço dos alimentos devido à guerra na Ucrânia está a aumentar o risco de desnutrição de milhões de crianças do Médio Oriente e do Norte da África, alerta a UNICEF. As famílias estão a enfrentar muitas dificuldades para colocar comida na mesa, sublinha.

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