10 anos dos atentados de Paris: taxista português foi a primeira vítima e Précilia morreu no Bataclan
Cumprem-se esta quinta-feira 10 anos do brutal ataque do Estado Islâmico à capital francesa. Dois portugueses estavam entre as 132 vítimas mortais.
Completam-se esta quinta-feira dez anos dos atentados jihadistas de 13 de novembro em Paris, em 2015, e o momento será assinalado durante todo o dia com várias homenagens à memória das 132 vítimas mortais e aos cerca de 400 feridos.
A primeira vítima mortal foi Manuel Colaço Dias, taxista português que naquele dia se encontrava de serviço junto ao Stade de France (tinha ido levar três clientes que iam assistir ao jogo entre a França e a Alemanha) quando os terroristas se fizeram explodir. Em sua memória foi colocada no local uma placa de pedra em jeito de homenagem. Tinha 63 anos, era natural da freguesia de Corte do Pinto, aldeia a 20 quilómetros de Mértola, e tinha emigrado para França há 45 anos.
"Ele não queria trabalhar naquela noite, mas ainda assim aceitou o trabalho. Passámos toda a noite à espera de notícias. Só na manhã seguinte é que o governo português nos ligou e informou que o meu pai tinha morrido no ataque", revelou na altura o filho Michael Dias.
“Desde aquele 13 de novembro, existe um vazio que não pode ser preenchido”, disse esta quinta-feira Sophie Dias, filha do taxista português, durante uma cerimónia de homenagem que contou com a presença de Emmanuel Macron, que depositou uma coroa de flores em frente ao Stade de France.
A luso-francesa Précilia Correia, 35 anos, filha de pais português e mãe francesa, foi outra das vítimas mortais com ligações a Portugal. Morreu na sala de espetáculos do Bataclan, o maior palco dos atentados, onde assistia ao concerto da banda norte-americana Eagles of Death Metal.
A jovem de 35 anos foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, a 25 de novembro de 2015, depois de ter sido transladada. O seu companheiro, de 40 anos, também perdeu a vida nos ataques.
Era filha de uma francesa e de um português, que "adorava Lisboa, falava perfeitamente português, tinha dupla nacionalidade e muitos amigos em Lisboa", contou a mãe, que executou uma última vontade da filha: "Ela disse-me há um ano e meio: 'Se um dia tiver um acidente, gostava de repousar no Cemitério dos Prazeres em Lisboa'. Executei o seu desejo, infelizmente", contou a mãe à Lusa na altura da tragédia.
A França assinala esta quinta-feira o 10.º aniversário dos atentados terroristas de 13 de novembro de 2015 com uma grande cerimónia que vai incluir a inauguração de um “jardim da memória” na capital francesa.
O evento vai contar com um discurso de Emmanuel Macron, presidente francês, e foi idealizado pelos responsáveis pela cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
O novo “jardim da memória”, localizado em frente à Câmara Municipal de Paris, é um recinto de pedra de onde emergem blocos de granito, evocando os seis locais dos atentados — os mais mortais ocorridos em França desde a Segunda Guerra Mundial —, com os nomes das vítimas neles gravados e, no chão, um mapa das ruas.
A presidente da Comissão Europeia lembrou esta quinta-feira os ataques terroristas de há 10 anos em Paris, afirmando que o "coração de Paris foi arrancado" com a morte de 132 pessoas na sala de espetáculos Bataclan, em bares e terraços.
"Em 13 de novembro de 2015, há 10 anos, o coração de Paris foi arrancado. Naquela noite, pessoas que viviam as suas vidas normalmente - sentadas em esplanadas de cafés, assistindo a um concerto - tiveram as suas vidas brutalmente ceifadas e, 10 anos depois, nós lembramo-nos", afirma Ursula von der Leyen.
Numa declaração divulgada em Bruxelas, a líder do executivo comunitário recorda "as 132 vítimas, os seus rostos, as suas histórias interrompidas".
Na noite de 13 de novembro de 2015, Paris foi cenário de múltiplos ataques terroristas conduzidos por nove homens armados em diferentes locais, nomeadamente junto do Stade de France, de vários restaurantes e da sala de espetáculos Bataclan, onde decorria um concerto.
Os atentados, que fizeram 132 mortos e mais de 400 feridos, foram reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico no dia seguinte.
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