Extremistas islâmicos decapitam dez pessoas em Moçambique
As vítimas do ataque foram oito adultos, quatro deles mulheres, e dois adolescentes.
A polícia moçambicana procura os assassinos que, no domingo, decapitaram oito adultos, quatro deles mulheres, e dois menores na província de Cabo Delgado, no nordeste de Moçambique.
O ataque é imputado ao grupo radical islâmico Ansar al-Suna, que os locais chamam Al-Shabaab, apesar de não ter relação conhecida com o grupo somali do mesmo nome.
Os radicais terão matado, ao nascer do dia, dois adolescentes, de 15 e 16 anos, apanhados quando saíam da aldeia 25 de Junho para caçar pequenos roedores para alimentação. Nessa aldeia terão sido depois decapitados três adultos.
Mais tarde, os atacantes, armados de machetes, decapitaram outras cinco pessoas na aldeia de Monjane. Residentes da aldeia dizem ter sido visados porque o chefe da povoação, que foi o primeiro a ser decapitado, terá dado informações à polícia sobre os esconderijos dos radicais na floresta.
O porta-voz da polícia, Inácio Dina, afirma que o grupo "foi amplamente fragilizado" por sucessivas detenções e operações das forças da ordem moçambicanas. Para Dina, o ataque revela "um total desespero" dos radicais e visou "buscar algum protagonismo", para provar que o grupo "tem uma musculatura" que já não tem, segundo garantiu o porta-voz da polícia.
Após os ataques muitos aldeãos fugiram para a vizinha cidade de Palma, em busca de refúgio contra novos raides.
O radicalismo islâmico não tinha raízes em Moçambique, mas, nos últimos anos, clérigos muçulmanos de Cabo Delgado alertaram para a chegada de radicais, seguidores do extremista queniano Aboud Rogo Mohammed, morto em 2012.
O recrutamento de radicais é facilitado na região pela revolta contra o poder central, acusado de votar os locais à miséria numa região rica em petróleo e gás e com as maiores jazidas do Mundo de safira rosa e rubis.
SAIBA MAIS
2017
A 5 de outubro tem lugar o primeiro ataque radical islâmico no país: o assalto a uma esquadra de Mocímboa da Praia custa a vida a três polícias e 14 radicais.
Comunidade muçulmana
Moçambique é um país de maioria católica (56%) com uma importante comunidade muçulmana (18%). Mas no norte do país os muçulmanos são maioria.
Centenas de detidos
Mais de 300 radicais foram detidos desde o ataque de outubro, o que não impediu sete novos ataques desde 3 de janeiro.
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