A cada 14 dias uma pessoa é vítima de violação sexual num hospital do Rio de Janeiro
Caso mais recente é o de um médico anestesista que violou uma grávida durante uma cesariana na maternidade em São João de Meriti.
A violação sexual cometida pelo médico anestesista Giovani Quintela Bezerra a uma grávida durante uma cesariana numa maternidade em São João de Meriti, na área metropolitana do Rio de Janeiro na madrugada desta segunda-feira, crime que chocou o Brasil inteiro, não foi um caso isolado. Dados do Instituto de Segurança Pública, ISP, do Rio de Janeiro, revelam que ao menos uma pessoa é vítima de crime sexual a cada 14 dias dentro de algum hospital, clínica ou outra unidade de saúde naquele estado brasileiro.
De acordo com esses dados, entre 2015 e 2022, anos em que foi possível aceder aos registos oficiais, ocorreram 177 violações sexuais em ambientes hospitalares fluminenses. Isso quer dizer que, nesse período, e sem contar o caso desta semana, aconteceu o abuso ou a violação sexual de uma pessoa a cada duas semanas num ambiente em que, na maioria dos casos, as vítimas estavam totalmente vulneráveis e imaginavam estar protegidas.
Os dados do ISP não esclarecem todas as dúvidas sobre as vítimas e as circunstâncias, mas a análise das poucas informações existentes mostra que em mais de metade dos casos (90), as vítimas estavam sem qualquer capacidade de reação, sob o efeito, por exemplo, de álcool ou de medicamentos ou outras substâncias sedativas. Em 37 dos casos, as vítimas eram crianças até aos 13 anos, em outros 10 eram adolescentes entre os 14 e os 17 e cinco das vítimas tinham mais de 60 anos.
No caso desta semana, que chamou a atenção do Brasil para esse tipo de crime, o médico dava muito mais anestesia do que o normal às grávidas em cuja cesariana participava, fazendo-as ficar completamente inconscientes e, aproveitando que as vítimas tinham a cabeça coberta por um lençol, colocava o órgão sexual dele na boca delas. Foram os próprios colegas de Giovani que, ao desconfiar dos movimentos que ele fazia junto às parturientes durante o parto e ao excesso de sedativos que usava, decidiram usar um telemóvel escondido para gravar o crime na madrugada de segunda-feira e, após o procedimento e a confirmação do crime, impediram a fuga do anestesista e chamaram a polícia, que o deteve em flagrante.
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