A celebração da morte: Afinal, o que acontece durante os funerais do Gana?
Homens carregam caixões no Gana como profissão e transformaram-se em 'memes' internacionais.
Nas últimas semanas de isolamento, a Internet tornou-se a melhor amiga de muitas pessoas que procuram passar o tempo da melhor forma. Se é uma das pessoas que tem passado o tempo nas redes sociais, certamente se deparou com um vídeo de vários homens a carregarem caixões enquanto dançam animadamente ao som de uma música eletrónica. Mas o que está por detrás destes vídeos que o animaram nestes dias de quarentena? Estas imagens pertencem a uma tradição muito característica de funerais no Gana. Por cá choramos os nossos mortos, muitos vestidos de preto e numa cerimónia melancólica e pouco sonora. Mas, no Gana celebram-se os mortos com música e cor. A tradição implica homens que carregam os caixões, os 'pallbearers', enquanto dançam e muitos ganeses acreditam que esta é a melhor forma de homenagear um ente querido: fazendo uma festa.
Neste país da África Ocidental, a cerimónia fúnebre é vista como um evento comunitário de extrema importância. Centenas de pessoas costumam reunir-se nestas cerimónias que são anunciadas em locais públicos e pode custar de 140 euros a 15 mil.
Os rituais funerários extravagantes são populares naquele país. Costumam realizar-se aos sábados e o tempo entre a morte e o funeral pode variar bastante, dependendo de quão longe os enlutados viajam para estar presentes. E isto pode durar dias ou mesmo meses até ao funeral.
Os enlutados vestem-se de preto ou preto e vermelho, as cores fúnebres tradicionais usadas no Gana. À medida que vão chegando, devem expressar as suas condolências ao chefe da família enlutada apertando as mãos.
Após demonstrarem os seus sentimentos pela perda do ente querido, os que participam na cerimónia fazem uma doação à família para os custos do funeral.
A cerimónia conta com comida, bebida, música, canto e dança, geralmente com grupos de bateria e dançarinos tradicionais. O objetivo é que os enlutados se divirtam e, atualmente, não é raro que um DJ seja contratado para a ocasião.
Os caixões também não são discretos sendo muitas vezes adornados.
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