Administração Trump pede aos funcionários do Pentágono “opções militares credíveis” para garantir o acesso irrestrito ao Canal do Panamá
Donald Trump tem afirmado repetidamente o seu desejo de que os EUA recuperem o controlo da importante via fluvial.
A administração Trump pediu aos funcionários do Pentágono que elaborassem “opções militares credíveis” para garantir o acesso irrestrito dos EUA ao Canal do Panamá.
De acordo com o memorando a que a CNN Internacuional teve acesso, entre as diretivas a serem cumpridas "imediatamente" está "Fornecer opções militares credíveis para garantir o acesso militar e comercial justo e sem restrições dos EUA ao Canal do Panamá".
Intitulado “Orientação Estratégica de Defesa Nacional Provisória”, o memorando representa uma mudança marcante nas prioridades do Pentágono em comparação com a diretiva de 2022 e está alinhada com os obvetivos publicamente anunciados por Trump, como usar ativos militares na fronteira dos EUA, reforçando a presença dos Estados Unidos no Hemisfério Ocidental e, de outra forma, mantendo um foco quase singular na China, indica a mesma fonte.
Segundo a NBC, que cita dois responsáveis norte-americanos com conhecimento dos planos, tudo depende da cooperação que os militares panamianos concordem ter com Washington.
Donald Trump tem afirmado repetidamente o seu desejo de que os EUA recuperem o controlo da importante via fluvial.
A última vez que referiu tal intenção foi no discurso que proferiu no Congresso na semana passada, em que assegurou que os Estados Unidos "vão recuperar" essa infraestrutura e que esse processo já foi iniciado.
Tais afirmações levaram o Presidente panamiano, José Raúl Mulino, a acusar o homólogo norte-americano de "mentir novamente" ao dizer que o Canal do Panamá está "em processo de recuperação" pelo Governo dos Estados Unidos.
"Mais uma vez, o Presidente Trump está a mentir. O Canal do Panamá não está em processo de recuperação, e certamente não é a tarefa que foi discutida sequer nas nossas conversas com o secretário [de Estado, Marco] Rubio ou qualquer outra pessoa. Rejeito, em nome do Panamá e de todos os panamianos, esta nova afronta à verdade e à nossa dignidade como país", escreveu Mulino numa mensagem na rede social X (antigo Twitter).
No início de fevereiro, o Presidente panamiano já tinha garantido, no final de uma reunião com o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, que o Canal do Panamá continuaria sob controlo panamiano.
No final de um encontro com Marco Rubio, de visita oficial ao Panamá, o Presidente panamiano declarou que "a soberania do Panamá não está em causa" e que "não há qualquer dúvida" nem negociação sobre o Canal do Panamá, que continuará a ser operado pelo país.
No entanto, Marco Rubio fez saber que os Estados Unidos consideram que o tratado de transferência de controlo do Canal do Panamá foi violado.
O secretário de Estado "deixou claro que o 'status quo' [do canal] é inaceitável e que, na ausência de mudanças imediatas, os Estados Unidos devem tomar as medidas necessárias para proteger os seus direitos nos termos do tratado", afirmou à comunicação social a porta-voz de Rubio, Tammy Bruce.
O Canal do Panamá foi construído pelos Estados Unidos, que o inauguraram em 1914 e o administraram até à sua transferência para o Estado panamiano, a 31 de dezembro de 1999, conforme estabelecido nos Tratados Torrijos-Carter, assinados a 07 de setembro de 1977 em Washington.
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