Algoritmo do TikTok é ponto-chave nas negociações entre EUA e China

Trump e Xi Jinping chegaram a um "quadro de entendimento" sobre o futuro da aplicação no mercado norte-americano.

19 de setembro de 2025 às 11:33
TikTok Foto: Direitos Reservados
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O algoritmo do TikTok deverá estar no centro da chamada prevista para, esta sexta-feira, entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, com ambos os líderes a tentarem viabilizar a operação da aplicação nos Estados Unidos.

Após a quarta ronda de negociações comerciais, realizada esta semana em Madrid, Washington e Pequim chegaram a um "quadro de entendimento" sobre o futuro da aplicação de vídeos curtos, cuja presença no mercado norte-americano esteve várias vezes à beira do veto, após meses de incerteza e sucessivas prorrogações.

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Na terça-feira, Trump assinou um decreto que prolonga até 16 de dezembro o prazo legal para a ByteDance vender a operação do TikTok nos EUA. Caso contrário, a aplicação será proibida no país.

O ponto decisivo reside no controlo, manutenção e atualização do motor de recomendação da aplicação -- um dos fatores que explica o sucesso do TikTok nos EUA, onde conta com cerca de 150 milhões de utilizadores.

Citado pela imprensa estatal, o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, afirmou que a China realizará revisões às exportações tecnológicas "de acordo com as leis e regulamentos" e que apoia negociações comerciais "em pé de igualdade" entre empresas.

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Nos EUA, a lei aprovada em 2024 exige que qualquer "alienação qualificada" impeça ligações operacionais com entidades controladas por um "adversário estrangeiro", incluindo aspetos relacionados com o funcionamento de algoritmos de recomendação -- o que impede o TikTok de manter ligações à empresa mãe, a chinesa ByteDance, mesmo após uma venda.

Por sua vez, a legislação chinesa de controlo de exportações proíbe as empresas nacionais de vender algoritmos do seu 'software', o que significa que a venda do TikTok só poderá avançar com aprovação expressa de Pequim, que detém ainda uma 'ação dourada' na ByteDance, conferindo-lhe poder de veto sobre decisões estratégicas.

"Se o TikTok for vendido a uma entidade norte-americana mas as autoridades chinesas bloquearem a transferência do algoritmo, será muito difícil e caro desenvolver um novo", advertiu o analista norte-americano Bill Bishop.

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"YouTube e Meta gastaram grandes somas para criar um algoritmo como o do TikTok e ainda não conseguiram", acrescentou o analista no seu relatório diário, sugerindo que o Governo dos EUA poderá "impor um período de transição para continuar a usar o algoritmo atual, controlado pela ByteDance, enquanto se desenvolve uma alternativa".

Tal como acontece com serviços como Google, Facebook ou X (ex-Twitter), o TikTok está bloqueado na China, onde a ByteDance opera uma versão local e completamente independente da aplicação, designada Douyin.

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