Alívio de regras para ajudas estatais na União Europeia prolongado até dezembro de 2023

Executivo comunitário defende ajudas para compensar os preços elevados da energia, bem como investimentos 'verdes'.

28 de outubro de 2022 às 17:27
Margrethe Vestager
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A Comissão Europeia decidiu esta sexta-feira prolongar, até dezembro de 2023, o quadro temporário de alívio nas regras das ajudas estatais para os Estados-membros da União Europeia (UE) apoiarem as economias devido à crise energética, aumentando também a flexibilidade.

Em comunicado, o executivo comunitário anuncia que adotou, após ter consultado os países da UE, "uma alteração ao quadro temporário de crise para permitir aos Estados-membros continuarem a utilizar a flexibilidade prevista ao abrigo das regras dos auxílios estatais para apoiar a economia no contexto da guerra da Rússia contra a Ucrânia", que acentuou a crise energética no bloco comunitário.

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Previsto está agora que estas regras mais flexíveis estejam em vigor até 31 de dezembro de 2023, sendo que este prolongamento "não prejudica a possibilidade de autorizar outras medidas necessárias e proporcionais", garante Bruxelas.

Além da prorrogação, o quadro temporário de crise relativo aos auxílios estatais fica também alterado com a decisão desta sexta-feira, passando então a autorizar os países a apoiarem as empresas ativas nos setores da agricultura em 250 mil euros, das pescas e aquicultura em 300 mil euros e as restantes até dois milhões de euros.

Ao mesmo tempo, é dada flexibilidade adicional para os Estados-membros avançarem com apoios à liquidez dos serviços públicos de energia e com ajudas às empresas afetadas pelo aumento dos custos energéticos, sujeito a salvaguardas.

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Acrescem novas medidas destinadas a apoiar a redução da procura de eletricidade, dada a meta aprovada de redução do consumo pelos países (de 10% no geral e de 5% nas horas de pico).

Numa declaração também hoje divulgada, a vice-presidente executiva da Comissão Europeia e responsável pela pasta da Concorrência, Margrethe Vestager, salienta que esta decisão "dá aos Estados-Membros maior flexibilidade para criarem regimes de apoio adaptados às necessidades da sua economia, continuando a incentivar a transição 'verde', mantendo simultaneamente salvaguardas para assegurar que a ajuda se mantenha direcionada e proporcional".

"Globalmente, prolongámos a aplicação do quadro até ao final de 2023, tendo em vista a continuação da crise, dando aos Estados-membros mais previsibilidade e tempo para implementar regimes de apoio e proporcionando um quadro jurídico estável para as empresas", adianta Margrethe Vestager.

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Assim, além de aumentar os tetos para os montantes de ajuda e de permitir apoios à liquidez, o executivo comunitário defende ajudas para compensar os preços elevados da energia, bem como investimentos 'verdes'.

Em março de 2020, devido aos efeitos económicos da pandemia, a Comissão Europeia adotou um quadro temporário para facilitar ajudas estatais, iniciativa que veio alargar os apoios que os Estados-membros podem dar às suas economias, normalmente vedados pelas regras concorrenciais da UE, como empréstimos com garantias estatais, subvenções, entre outros.

Este quadro temporário deu entretanto origem a um outro, adotado em março de 2022, no contexto da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa em fevereiro passado.

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As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, desde logo porque a UE depende dos combustíveis fósseis russos, como o gás, e teme cortes no fornecimento este outono e inverno.

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