Apenas sete países cumpriram os critérios da OMS para a qualidade do ar em 2024
126 dos 138 países analisados apresentou níveis de poluição dez vezes superiores ao limite de segurança.
Menos de um quinto das cidades de todo o mundo e apenas sete países cumpriram os critérios internacionais da qualidade do ar em 2024, segundo um estudo global.
O Relatório IQAIR da Qualidade do Ar Mundial, analisou dados de mais de 40 000 estações de monitorização do ar em 138 países, segundo o Independent. Os resultados mostraram que apenas 17 por cento das cidades cumpria a diretriz anual da Organização Mundial de Saúde (OMS) de PM2.5 (partículas em suspensão): 5 microgramas por metro cúbico.
A maioria da população mundial continua a respirar ar sujo, uma vez que os níveis de poluição ultrapassam os limites recomendáveis em quase todas as regiões. O estudo descobriu que 126 dos 138 países analisados apresentou níveis de poluição dez vezes superiores ao limite de segurança.
O país mais poluído foi o Chade com uma concentração de PM2.5 de 91,8 microgramas por metro cúbico, 18 vezes mais elevado que o limite da OMS. O Bangladesh, Paquistão, República Democrática do Congo e a Índia seguem na lista de países com a maior poluição do ar.
A Índia registou níveis extremos de poluição, colocando seis cidades na lista das nove cidades mais poluídas no mundo. Deli continua a ser a capital mais poluída do mundo, com uma concentração de PM2.5 anual, em média, de 91,8 microgramas por metro cúbico.
A área metropolitana com o ar mais poluído também fica localizada na Índia. Byrnihat registou um valor alarmante de 128,2 microgramas por metro cúbico de PM2.5, 25 mais que as diretrizes recomendadas.
Em contraste, apenas sete países atingiram o critério de qualidade do ar proposto pela OMS. A Austrália, Bahamas, Barbados, Estónia, Granada, Islândia e Nova Zelândia mantiveram uma média de PM2.5 de 5 microgramas por metro cúbico ou menos. São, por isso, os sítios mais limpos para se viver, de acordo com os dados do relatório.
A região metropolitana menos poluída fica em Porto Rico. Mayaguez registou uma concentração anual de PM2.5 de apenas 1,1 microgramas por metro cúbico.
Na Europa, a nação mais poluída foi a Bósnia e Herzegovina com níveis de PM2.5 a rondar as 25 microgramas por metro cúbico, cinco vezes mais do que o limite da OMS.
O estudo realçou alterações nas tendências de poluição, com algumas áreas a registar ligeiras melhorias. É o caso do Sudeste Asiático, onde a concentração de PM2.5 diminuiu em todos os países, apesar dos incêndios florestais e as queimadas agrícolas continuarem a afetar a qualidade do ar.
“A poluição do ar continua a ser uma ameaça crítica à saúde humana e à estabilidade ambiental, ainda assim, vastas populações continuam sem estar a par dos níveis a que estão expostos”, afirmou Frank Hammes, CEO da IQAir, empresa suíça de tecnologia contra poluentes no ar.
“Os dados sobre a qualidade do ar salvam vidas. Criam uma consciencialização necessária, informam sobre decisões políticas, guiam intervenções de saúde pública e empoderam as comunidades para reduzir a poluição do ar e proteger as gerações futuras”, explicou Hammes.
A poluição do ar é o segundo fator de risco para a morte, a nível global, responsável por 8,1 milhões de mortes em 2021, segundo um relatório publicado pelo Health Effects Institute, em 2024.
Além das ameaças respiratórias, um estudo publicado na revista científica Nature Communications revelou que até a exposição breve à poluição do ar pode afetar a habilidade do nosso cérebro para tomar decisões e focar no trabalho.
Vários movimentos ambientais pedem regulações mais apertadas sobre a qualidade do ar, de modo a reduzir rapidamente as emissões. “O Relatório da Qualidade do Ar Mundial (...) devia ser uma chamada para esforços internacionais urgentes para reduzir as emissões poluentes”, disse Aidan Farrow, cientista especializado na qualidade do ar da Greenpeace International.
“Ao realçar o risco desproporcional para os jovens provocado pela poluição do ar, o relatório relembra-nos que a falta de ação hoje será sentida pelas gerações futuras”, advertiu Farrow.
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