Avião que caiu em São Paulo e matou 62 pessoas apresentava problemas desde março

Aeronave passou por várias manutenções, tendo ficado quase quatro meses parada para consertos.

Tragédia no Brasil. Queda de avião fez 61 mortos, incluindo uma portuguesa Foto: Isaac Fontana/Lusa
Partilhar

O bi-motor ATR 72-500 da companhia aérea brasileira Voepass que caiu sexta-feira em Vinhedo, a 70 km de São Paulo, matando as 62 pessoas que iam a bordo, apresentou diversos problemas, incluindo danos estruturais, desde o passado mês de Março. A revelação foi feita pelo programa jornalístico "Fantástico", da TV Globo, na noite deste domingo. Recorde-se que entre os 62 mortos estava uma portuguesa, Gracinda Silva de 48 anos

Segundo a reportagem, que cruzou dados e relatórios de órgãos oficiais ligados à aviação, o aparelho apresentou desde esse mês, entre outros, problemas no sistema hidráulico e no ar condicionado e bateu com a cauda na pista ao aterrar no Aeroporto de Salvador, capital do estado da Bahia, exactamente em 11 de Março. De Março até à queda, na passada sexta-feira, a aeronave passou por várias manutenções, tendo ficado quase quatro meses parada para consertos, pelo que não é possível dizer que a tragédia tenha sido causada pelos problemas relatados, mas eles chamam a atenção.

Pub

Na véspera do acidente fatal, quinta-feira, passageiros que utilizaram a mesma aeronave publicaram imagens nas redes sociais relatando que dentro do avião o calor era tão insuportável que algumas pessoas sentiram-se mal e um homem chegou a tirar a camisa. Sexta-feira, dia da queda, um dos passageiros vitimados publicou igualmente imagens ao entrar no ATR reclamando, "avião velho, um caos".

Após o choque anormal da cauda com a pista no dia 11 de Março, um relatório diagnosticou danos estruturais na aeronave, que por isso ficou parada no aeroporto de Salvador até dia 28, quando foi levada para as oficinas da Voepass em Ribeirão Preto, cidade no interior do estado de São Paulo onde fica também a sede da empresa. O ATR ficou em manutenção por mais de três meses, até 9 de Julho, quando fez o primeiro voo comercial após os reparos, e logo nesse dia, durante a viagem entre Ribeirão Preto e São Paulo, a aeronave apresentou um novo problema, uma despressurização, que o fez voltar vazio para as oficinas e ficar parado novamente para mais reparos.

Pub

Nas plataformas de defesa do consumidor, há ao todo mais de quatro mil reclamações de todos os tipos contra a Voepass, e a empresa também enfrenta diversos processos na justiça movidos por pilotos e outros funcionários que a acusam de os submeter a trabalho exaustivo, incluindo em dias de folga. A Voepass sucedeu a Passaredo, uma companhia aérea especializada em voos regionais de baixo custo que acabou por fechar em meio a um mar de problemas, reclamações e dívidas.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar