Barnier quer inundar Inglaterra de migrantes e agrava tensão entre Reino Unido e França
Ex-negociador do Brexit defende o fim do acordo de migração entre os dois países.
O homem que foi o negociador principal do Brexit pela União Europeia (UE) atirou este sábado achas para a fogueira da tensa relação entre Paris e Londres ao defender o fim do tratado de controlos fronteiriço assinado em 2003 e a abertura das portas aos migrantes que queiram chegar ao Reino Unido. A polémica declaração de Michel Barnier, agora candidato à presidência de França, surge depois de o PM britânico divulgar uma carta oficial na qual sugeriu que a França deve receber de volta os migrantes que chegam ao Reino Unido a partir da costa francesa.
Ao abrigo do acordo que Barnier se propõe rasgar, caso seja eleito para suceder a Emmanuel Macron, em 2022, Reino Unido e França têm pontos de controlo fronteiriço em Dover (Sul de Inglaterra) e em Calais (Norte de França). Mas cabe à França travar os migrantes não documentados, recebendo anualmente dos britânicos mais de 50 milhões de euros para financiar patrulhamentos na costa.
A tensão já elevada devido ao Brexit e ao alegado incumprimento britânico dos acordos de pescas com a França escalou esta semana depois de 27 migrantes morrerem no canal da Mancha. Macron acusou Johnson de “falta de seriedade” por divulgar a carta em que sugeria soluções para o problema e desconvidou a ministra do Interior britânica de um evento oficial para debater a crise migratória.
Jovem curda é primeira vítima identificada
A jovem curda de 24 anos Maryam Nuri Mohamed Amin seguia no barco de migrantes que naufragou na quarta-feira no canal da Mancha e é a primeira das 27 vítimas a ser identificada.
O namorado vive no Reino Unido e conta que Nuri lhe estava a enviar mensagens quando o precário barco de borracha em que viajava começou a perder ar. Manteve até ao fim a esperança de ser resgatada, mas a ajuda chegou demasiado tarde. Somente duas pessoas sobreviveram, um iraquiano e um somali.
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