Bolsonaro culpa governadores pelo número de mortos por coronavírus no Brasil
Presidente brasileiro diz que quem tem de explicar tragédia no país são os governantes regionais que adotaram "quarentenas".
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, contrário a qualquer medida de isolamento social para conter o avanço do Coronavírus, culpou esta quarta-feira governadores de estado e autarcas pela disparada das mortes pela Covid-19 verificada nos últimos dias no Brasil. Para Bolsonaro, que tem pressionado a população a desobedecer às medidas restritivas, quem tem de explicar a tragédia que se abateu sobre o Brasil são os governantes regionais que adotaram quarentenas.
"A questão das mortes, a gente lamenta as mortes profundamente. Mas eu sabia que ia acontecer. Agora, quem tomou todas as medidas restritivas foram governadores e prefeitos (presidentes de câmara). Essa conta tem de ser apresentada aos governadores. Perguntem ao senhor João Doria (governador do estado de São Paulo) e ao senhor Bruno Covas (autarca da cidade de São Paulo) de por quê terem tomado medidas tão restritivas e continua morrendo gente. Eles têm de responder. Vocês não vão colocar no meu colo essa conta.", afirmou Bolsonaro.
O presidente, depois de ser proibido pelo Supremo Tribunal Federal de suspender as medidas de isolamento social adotadas em muitos estados e cidades pelo Brasil, tem defendido diariamente a desobediência da população às restrições e agora parece sentir-se vitorioso. Ele sempre defendeu que, já que cerca de 70% da população brasileira será afetada pelo Coronavírus, então tudo deveria estar aberto e todos deveriam estar nos seus empregos, para não prejudicar o governo dele paralisando a economia.
Um dia antes, Jair Bolsonaro chocou ao responder à informação de um jornalista de que o número de mortes no Brasil tinha passado das 5000 com a frase "E daí? Eu sou Messias (o nome dele é Jair Messias Bolsonaro) mas não faço milagres." De segunda para terça, o Brasil registou um brutal aumento diário de mortes pelo Coronavírus, com 474 óbitos em apenas 24 horas, passando dos 5000 óbitos e superando até o total de mortes pela doença na China, onde a pandemia começou, e que oficialmente tem 4643 vítimas fatais.
Ao contrário do presidente, médicos e cientistas continuam a defender o isolamento social como a melhor medida para reduzir a propagação do vírus. Eles afirmam que, apesar do grande aumento no número de mortes por Covid-19 nos últimos dias, o que já era esperado, a situação seria ainda bem mais dramática se as medidas restritivas não tivessem existido.
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