Bolsonaro visita área do colapso de barragem brasileira
Presidente brasileiro sobrevoou no final da manhã deste sábado a região mineira próxima de Brumadinho.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sobrevoou no final da manhã deste sábado a região da cidade de Brumadinho, no interior do estado de Minas Gerais, onde a rutura de uma barragem de resíduos ferrosos no dia anterior deixou pelo menos nove pessoas mortas, dezenas de feridos e mais de 400 desaparecidos.
A empresa mineira Vale, dona do empreendimento em que três barragens colapsaram, divulgou uma lista de 412 nomes de empregados e colaboradores cujo paradeiro é desconhecido, avança a Folha de São Paulo.
Ao longo da manhã deste sábado, os sobreviventes da tragédia foram salvos pelas equipas de resgate com o uso de helicópteros, já que o mar de milhares de toneladas de lama tóxica que vazou da barragem "Mina Feijão", da mineralizadora Vale (antiga Vale do Rio Doce), destruiu estradas e cobriu casas, lavouras e tudo o mais que existia na região.
Após sobrevoar a área da tragédia por cerca de dez minutos, acompanhado por vários ministros, altos comandos militares e por autoridades locais, Bolsonaro voou para a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. Nesta cidade, reuniu-se com essas e outras autoridades, nomeadamente da Proteção Civil, para definir novas ações de busca e salvamento e também de apoio aos sobreviventes e às famílias dos mortos.
De acordo com os bombeiros e o próprio governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o número final de mortos pela rutura da barragem deve ser muito superior ao informado até ao início desta tarde. O cruzamento de dados avançados pela própria Vale e por moradores da região mostrava a essa hora que entre 300 e 350 pessoas ainda estavam desaparecidas, o que reduzia bastante a esperança de encontrar todos os desaparecidos ou mesmo a maioria ainda vivos 24 horas após a tragédia.
Apesar disso, e contrariando a desastrosa frase do governador Romeu Zema, de que se estava a trabalhar apenas para recuperar corpos, os bombeiros não esmoreceram e conseguiram encontrar sobreviventes este sábado. No final da manhã, duas pessoas, um homem e uma mulher avistados por milagre já que estavam enterrados na lama até ao pescoço, foram resgatados do mar de lama, bastante debilitados mas vivos, e levados de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.
Ao todo, mais de 200 bombeiros, dezenas de militares das Forças Armadas, 50 voluntários da Cruz Vermelha especializados em resgate em tragédias e uma multidão de voluntários formada por moradores de Brumadinho e cidades vizinhas continuava este sábado a tentar salvar sobreviventes, recuperar corpos e atender as famílias das vítimas. Ao menos 13 helicópteros e dezenas de camiões e outros veículos auxiliavam nos trabalhos, um número considerado insuficiente por vários especialistas, mas o governador Romeu Zema recusou o reforço de homens e meios oferecido por outros estados brasileiros, alegando que Minas Gerais está em condições de responder sozinha às necessidades.
A barragem "Mina Feijão", localizada a 12 km do centro de Brumadinho, numa área repleta de casas de campo, pequenas propriedades rurais e uma aldeia onde viviam aproximadamente 600 pessoas, rebentou à hora de almoço de sexta-feira por causas ainda não esclarecidas. Só na área administrativa da barragem, segundo o presidente da Vale, Fábio Schwartzman, no momento da rutura da barragem havia mais de 300 funcionários na área administrativa, a primeira a ser atingida, pois ficava junto ao paredão de contenção de resíduos.
Mais de 13 milhões de metros cúbicos de lama tóxica vazaram da barragem, e não um milhão, como informado inicialmente, e destruíram tudo em redor num raio de muitos quilômetros, chegando a atingir seis bairros da periferia de Brumadinho, cidade com cerca de 40 mil habitantes. Em alguns pontos, o mar de lama cobriu até o telhado das casas que não derrubou, matando milhares de animais, arrancando árvores enormes pela raiz e fazendo voar e desaparecer carros, tratores e camiões.
As estradas que levam a Brumadinho foram cobertas pela lama e pelos destroços, o que prejudicou ainda mais o início dos resgates, pois foi primeiro necessário desobstruir as vias. O Hospital João XXIII, o maior hospital de urgências de Minas Gerais, entrou em esquema de emergência para tragédias, cancelou cirurgias não emergenciais, ordenou que os visitantes saíssem para reservar áreas essenciais exclusivamente para o atendimento de feridos na sequência da rutura da barragem.
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