Comandante-geral da polícia e outros seis oficiais do alto comando detidos em Brasília

Em causa está omissão intencional e conivência com seguidores ultra-radicais de Jair Bolsonaro.

Apoiantes de Bolsonaro invadem Congresso Nacional em Brasília Foto: Twitter/Direitos reservados
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O comandante-geral da Polícia Militar (segurança pública) de Brasília, coronel Klepter Rosa Gonçalves, foi preso ao amanhecer desta sexta-feira na capital brasileira. O coronel, patente mais alta na polícia brasileira, e outros seis oficiais da corporação foram presos pela Polícia Federal com autorização do juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após um pedido nesse sentido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os sete oficiais (cinco coronéeis, um major e um tenente) do mais alto comando da polícia da cidade-estado de Brasília são acusados pela PGR de omissão intencional e conivência com seguidores ultra-radicais de Jair Bolsonaro que no dia 8 de Janeiro deste ano marcharam sobre a capital federal, invadiram e depredaram o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto, a sede da presidência da República.

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De acordo com o sub-procurador-geral Carlos Frederico, esses e outros oficiais já presos e que em Janeiro já ocupavam cargos de comando, estavam aliados às ideias golpistas de Jair Bolsonaro, que nunca se conformou com a derrota nas presidenciais de Outubro passado para Lula da Silva, e permitiram intencionalmente que bolsonaristas extremistas invadissem os órgãos do poder legislativo, executivo e judiciário, para forçar uma intervenção das Forças Armadas que permitisse a volta ao poder de Jair Bolsonaro iniciando uma nova ditadura com o suporte dos militares.

Num extenso relatório com quase 200 páginas enviado ao juiz Alexandre de Moraes, o procurador reproduz mensagens dos oficiais presos esta sexta-feira apoiando as ideias ditatoriais de Bolsonaro, chamando o novo presidente, Lula da Silva, de "ladrão" e "vagabundo" e avançando que não permitiriam que ele continuasse na presidência.

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Nas mensagens de telemóvel, que os envolvidos tinham apagado mas foram recuperadas pela Polícia Federal com o uso de tecnologia de ponta, oficiais do alto comando da Polícia Militar de Brasília ironizavam e pareciam divertir-se enquanto os bolsonaristas ultra-radicais destruíam os prédios públicos.

Outros documentos conseguidos pela Procuradoria-Geral da República e que estiveram na base dos mandados de prisão cumpridos esta sexta-feira, revelam que a Polícia Militar designou para proteger a capital do país no dia em que estava marcada a marcha de radicais da extrema-direita aproximadamente 200 agentes, quando o efetivo considerado necessário para um dia em que já se sabia que poderia haver ataques às instituições era, no mínimo, de 2000.

Além disso, revela o relatório, a maior parte dos agentes convocados para tentarem travar a marcha dos extremistas era formada por polícias que ainda não tinham terminado o curso de formação, sem qualquer experiência, vários dos quais foram atacados pelos radicais e ficaram gravemente feridos.

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