Cresce no Brasil o medo de que Bolsonaro radicalize e tente evitar a posse de Lula

Declaração enigmática do general Braga Neto incendiou os bolsonaristas, principalmente os radicais que estão acampados.

19 de novembro de 2022 às 14:26
Jair Bolsonaro Foto: ANDRE COELHO/EPA
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O temor de que o ainda presidente Jair Bolsonaro, inconformado e isolado desde que perdeu as presidenciais de outubro, desencadeie ações radicais para impedir a posse do presidente eleito, Lula da Silva, em um de Janeiro, cresceu muito no Brasil nas últimas horas. Uma declaração enigmática do seu candidato a vice nas presidenciais, general Braga Neto, incendiou os bolsonaristas, principalmente os radicais que estão acampados junto a quartéis pedindo um golpe de Estado.

"Vocês não percam a fé. É só o que eu posso falar para vocês agora. Eu sei que está difícil, mas temos que esperar", declarou Braga Neto esta sexta-feira ao sair de encontro com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília, onde o presidente está trancado desde a derrota, sem ir trabalhar ou aparecer em público, aos os bolsonaristas que estão em vigília no local à espera de uma reacção que, na visão deles, reverta o resultado das presidenciais, que nem eles nem o chefe de Estado aceitam.

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As palavras de Braga Neto, que mais pareceram uma mensagem cifrada de encorajamento, dando a entender que alguma coisa está a ser preparada, incendiou imediatamente as redes sociais bolsonaristas. Perfis radicais bolsonaristas repercutiam nesta sexta e neste sábado a declaração do general, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa de Bolsonaro, reforçando o tom golpista com frases como "o recado está dado. Vamos manter-nos unidos e esperar", enquanto outras publicações repercutiam uma reunião do alto comando do Exército, onde, segundo a agenda oficial, foram tratados somente assuntos burocráticos, alertando que "as Forças Armadas estão a organizar-se e a preparar-se", sem, no entanto, se dizer para quê.

Tudo isto galvanizou os ultraradicais que desde a derrota de Bolsonaro, em 30 de outubro, cercam unidades militares em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Florianópolis e várias outras, incluindo o Quartel General do Exército, em Brasília, pedindo aos militares que dêem um golpe militar e mantenham Bolsonaro no poder. Este sábado, camionistas simpatizantes de Bolsonaro voltaram a bloquear estradas em vários pontos do Brasil, repetindo, por enquanto de forma menor, os protestos iniciados no dia da eleição de Lula e que chegaram a paralisar o país inteiro antes de as polícias regionais usarem a força e desobstruirem as vias.

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