Democracia europeia "ainda é frágil" e abordagem tem de ser centrada nas pessoas
Num contexto de "instabilidade global", o "projeto de paz conhecido como União Europeia tem que ser correspondido com agilidade e força", disse Séamus Boland.
O novo presidente do Comité Económico e Social Europeu (CESE), Séamus Boland, afirmou esta quinta-feira que a democracia europeia "ainda é frágil" e disse querer que o seu mandato seja marcado por uma abordagem centrada "nas pessoas".
Num contexto de "instabilidade global", o "projeto de paz conhecido como União Europeia tem que ser correspondido com agilidade e força", disse Séamus Boland, durante a sessão inaugural do novo mandato do Comité Económico e Social Europeu, que decorreu hoje no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O irlandês lembrou que o bloco comunitário é "uma união de 27 Estados-membros", pelo que apelou para que se oiçam "uns aos outros", sublinhando que a "grande força da Europa" passa por manter os "valores da igualdade e da inclusão" e "construir economias fortes".
Boland afirmou ainda que o projeto europeu é "um alvo" dado que é democrático e não uma ditadura. "Não somos uma ditadura e as ditaduras gostam de nos abater porque odeiam o que fazemos. Odeiam a colegialidade, a democracia porque é difícil", frisou, comparando a democracia a "uma flor frágil" que deve ser defendida "em todos os momentos" e através da sociedade civil.
"A flor frágil da democracia e agora a democracia europeia ainda é frágil e temos que ser muito cuidadosos para que essa flor frágil consiga crescer e fortalecer-se", reforçou o sucessor de Oliver Röpke no cargo de presidente do CESE, para um mandato que termina em 2028.
No seu discurso, Boland prometeu ainda que ser uma "voz forte" na defesa "dos pobres, vulneráveis e marginalizados" e disse que a sua presidência prioriza uma "abordagem centrada nas pessoas", fazendo ainda referência aos três pilares que compõe o seu programa: oportunidades, segurança e resiliência.
"Eu quero que a sociedade civil esteja no coração da Europa", reiterou, insistindo na necessidade de combater a pobreza e responder à "emergência" da crise da habitação que assola a Europa.
O novo presidente do CESE fez ainda referência à situação na Faixa de Gaza, sublinhando que, "após dois anos de sofrimento e perdas de vidas", espera que se abra "um novo capítulo de paz e reconstrução".
"Mas este novo capítulo não será fácil", alertou, referindo acreditar que a sociedade civil ajudará a impulsionar a reconstrução de Gaza.
Além do presidente e das vice-presidentes, a sessão inaugural contou ainda com diversos discursos de várias personalidades (presencialmente ou por vídeo), incluindo do presidente do Conselho Europeu, António Costa, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do vice-presidente do Parlamento Europeu, Younus Omarjeen.
Criado em 1957, o Comité Económico e Social Europeu é um órgão consultivo composto por 329 representantes de organizações de empregadores, de trabalhadores e da sociedade civil dos 27 Estados-membros do bloco comunitário.
Este Comité, cuja nova presidência tomou posse na quarta-feira, emite pareceres sobre diversas temáticas dirigidos à Comissão Europeia, Conselho e ao Parlamento Europeu.
Os membros do Comité Económico e Social Europeu são designados pelos governos nacionais e nomeados pelo Conselho da UE por períodos renováveis de cinco anos, sendo que a cada dois anos e meio o comité elege "uma mesa composta por um presidente e dois vice-presidentes, escolhidos por rotação entre os três grupos", segundo conta no seu 'site'.
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