Dilma sai do palácio para o bairro Tristeza
Bens pessoais da ex-presidente vão de Brasília para Porto Alegre.
Dois grandes camiões chegaram ao amanhecer desta terça-feira ao Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência brasileira, em Brasília, para fazerem a mudança da presidente destituída, Dilma Rousseff. Os veículos vão levar os pertences de Dilma para Porto Alegre, no sul do Brasil, a mais de dois mil quilómetros da capital brasileira, onde ela tem um apartamento.
O apartamento de Dilma, de classe média, fica, ironicamente, no bairro Tristeza. Na cidade vivem a filha da ex-presidente, Paula, os dois netos, José e Guilherme, e o ex-marido, Carlos Araújo.
Extremamente meticulosa, a antiga presidente, destituída quarta-feira passada por irregularidades, passou os últimos dias a encaixotar pessoalmente livros e objectos mais delicados ou pelos quais tem maior apreço. Tal como fazia no governo, em que sempre foi acusada de ser exageradamente centralizadora, Dilma não deixou os funcionários do palácio fazerem esse trabalho, e cuidou de tudo, desde embrulhar e proteger as peças até fechar as grandes caixas onde elas serão transportadas.
A partir do momento em que deixar de vez o Palácio do Planalto, onde fez questão absoluta de ficar até ao último momento e no qual tinha ao seu dispor um séquito de 120 funcionários, além de 35 assessores especiais, Dilma Rousseff vai dividir-se entre Porto Alegre e o Rio de Janeiro. No Rio, no elegante bairro do Leblon, vive a sua mãe, Dilma Jane, que tem 93 anos e vivia com ela no Palácio da Alvorada.
A mudança de Dilma, começou a ser feita aos poucos. A ex-presidente, que parece não acreditar na possibilidade de ver a decisão da sua destituição ser revertida, foi levando várias coisas quando ia passar os fins de semana em Porto Alegre. Mas uma operação bem mais discreta do que a que fez o seu antecessor e padrinho político, Lula da Silva. Para a mudança de Lula, que deixou a presidência em Dezembro de 2010, foram necessários nada menos do que 11 grandes camiões, que depois se soube terem sido pagos por constructoras envolvidas em desvios na Petrobrás, e que também pagaram o armazenamento do acervo do antigo presidente por um ano e meio em depósitos de São Paulo, o que gerou um processo contra o ex-governante por recebimento de vantagens ilícitas.
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