Encontrada bomba em camião cheio de combustível para aviões, junto ao aeroporto internacional de Brasília

Quem encontrou o engenho explosivo foi o motorista do pesado, ao conduzir para dentro do aeroporto.

24 de dezembro de 2022 às 19:41
Aeroporto internacional de Brasília Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino
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Uma bomba de fabricação artesanal ligada a um camião cheio de querosene, o combustível utilizado pelos aviões, foi encontrada este sábado, véspera de Natal, num dos acessos ao Aeroporto Internacional de Brasília, a capital federal brasileira. O incidente acontece uma semana antes da tomada de posse do presidente eleito, Lula da Silva, marcada para o próximo dia 1 de janeiro naquela cidade, e durante uma vaga de ameaças contra o futuro governante.

Quem encontrou o engenho explosivo foi o motorista do camião, ao conduzir o pesado para dentro do aeroporto depois de o ter deixado numa das vias de acesso, como fazem muitos outros motoristas à espera da hora certa para aceder ao terminal aéreo. Ao perceber que um objecto estranho tinha sido conectado ao camião, chamou a polícia.

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Toda a área foi isolada e homens do Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Militar de Brasília foram acionados e desarmaram o sistema de detonação do engenho, feito a partir de material altamente explosivo, geralmente usado em pedreiras para destruir grandes rochas. O caso foi entregue à Polícia Civil (Judiciária) da capital brasileira, e a Polícia Federal também foi chamada e vai investigar a possível ligação do incidente, que poderia ter provocado uma tragédia, com a posse de Lula e as ameaças de radicais ligados ao atual presidente, Jair Bolsonaro, de estarem a preparar para impedir que o presidente eleito assuma o comando do país.

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, um dos primeiros a ser confirmado por Lula da Silva para ministro, foi chamado ao local, acompanhou toda a operação e afirmou que, assim que assumir de facto, a 1 de janeiro, tomará também providências se até lá o facto não tiver sido esclarecido e o culpado identificado e preso.

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O actual ministro da pasta, Anderson Torres, foi contactado mas não apareceu, não tomou qualquer providência nem quis falar com a imprensa, adoptando a mesma forma de agir de Jair Bolsonaro e de quase todos os membros do actual governo que, após a derrota de Bolsonaro nas presidenciais, simplesmente abandonaram os cargos.

Centenas de radicais estão acampados junto ao Quartel-General do Exército, também em Brasília, desde a segunda volta das presidenciais, a 30 de outubro, pedindo às Forças Armadas que desencadeiem um golpe militar e não deixem Lula assumir. Têm sido feitas ameaças de morte de várias formas e por diversos meios a Lula da Silva, e grupos radicais bolsonaristas chegaram a publicar, nos últimos dias, nas redes sociais que tinham contratado "snipers" (atiradores de elite), para matarem o presidente eleito nos dias que antecedem a tomada de posse ou durante a mesma.

Nas duas últimas semanas, diversos radicais ligados a Jair Bolsonaro foram presos, em vários estados do Brasil, por terem ameaçado o presidente eleito ou estarem a preparar impedir a cerimónia de tomada de posse. No passado dia 12, após a cerimónia em que Lula da Silva e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, receberam no Tribunal Superior Eleitoral, TSE, os diplomas que confirmam a eleição e que estão aptos a assumir os cargos, centenas de extremistas levaram o terror a Brasília, incendiando carros, autocarros e camiões, destruindo uma esquadra e tentando invadir a sede da Polícia Federal e o hotel onde, nessa noite, Lula da Silva estava hospedado, sendo repelidos, a muito custo, pelas forças de segurança com granadas de gás e balas de borracha.

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