Filho de Bolsonaro recebeu 48 depósitos suspeitos em cinco dias
Operações foram feitas seguidamente com apenas alguns minutos de intervalo entre cada uma.
Um relatório de um órgão de inteligência da Receita Federal - o Fisco do Brasil - revelou que o senador eleito Flávio Bolsonaro, um dos filhos do novo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi beneficiário de 48 depósitos suspeitos feitos na sua conta bancária em apenas cinco dias.
O relatório do COAS, Conselho de Controle de Atividades Financeiras, diz que os depósitos foram feitos sempre na agência bancária da Alerj, Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro em cinco dias dos meses de Junho e Julho de 2017, quando Flávio, que assume como senador em Fevereiro, era deputado regional.
De acordo com o órgão de inteligência e combate a crimes financeiros, os 48 depósitos, que totalizaram na altura 22,5 mil euros, foram feitos seguidamente com apenas alguns minutos de intervalo entre cada um, sendo o montante de cada operação sempre de aproximadamente 470 euros.
Para o órgão, o facto de o total depositado ter sido fracionado em tantas quantias de pequena monta é indício de que houve intenção de tentar ludibriar os órgãos fiscalizadores, evitando depositar o valor total de uma única vez para não chamar a atenção.
Flávio Bolsonaro tem estado no centro de uma enorme polémica devido a outras movimentações financeiras suspeitas, essas de autoria do seu ex-motorista na Alerj, Fabrício Queiroz. Num único ano, o motorista do então deputado regional movimentou mais de 285 mil euros, um montante muito acima da sua renda, realizando, tal como no caso agora revelado pelo COAF, depósitos sucessivos de pequenas quantias, inclusive numa conta da mulher de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro.
A suspeita do Ministério Público, que até agora investigava apenas o motorista e não Flávio Bolsonaro, é que se poderá estar na presença de uma prática ilegal comum a muitos detentores de cargos públicos no Brasil, que nomeiam assessores com altos ordenados para estes depois lhes devolverem parte do que recebem.
Fabrício, que padece de cancro, nunca compareceu quando foi intimado pelos promotores alegando problemas de saúde, e Flávio Bolsonaro, convidado a dar esclarecimentos como eventual testemunha já que era o empregador do motorista, também nunca foi, e esta semana conseguiu uma decisão provisória de um juiz do Supremo Tribunal Federal paralisando a investigação.
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