Frelimo pede fim de vandalismo e de ameaças aos militantes
Partido "reconhece o direito à manifestação", mas condena o que chama de tentativa de subversão da ordem democrática e de criação de obstáculos ao funcionamento das instituições do Estado.
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, pediu esta quinta-feira, o fim de ameaças à integridade física dos seus membros e à destruição de estruturas da organização durante os protestos pós-eleitorais.
A formação política "manifesta preocupação e repúdio diante das ameaças à integridade física dos nossos camaradas e de todos moçambicanos, a vandalização das sedes do partido e de outras instituições, no contexto das manifestações violentas", lê-se num comunicado a que a Lusa teve acesso.
No documento que faz balanço da 37.ª sessão ordinária da Comissão Política, um dos órgãos deliberativos da formação política que se reuniu esta quarta-feira e esta quinta-feira para analisar a atual situação política do país, a Frelimo refere que as manifestações têm-se transformado em episódios de "violência, destruição e saques", com maior incidência na cidade de Maputo.
A Frelimo indica que "reconhece o direito à manifestação", mas condena o que chama de tentativa de subversão da ordem democrática e de criação de obstáculos ao funcionamento das instituições do Estado e do setor privado, com consequências económicas e sociais.
A Frelimo pede igualmente aos partidos políticos e candidatos presidenciais o respeito à legislação vigente no país, apelando à "paciência" até a proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional.
"Não há motivo, em qualquer circunstância, que justifique a perda de vidas humanas ou a destruição do que foi arduamente conquistado pelo povo moçambicano", acrescenta-se no comunicado, em que se apela para o fim de participação de menores nas manifestações.
Pelo menos três pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas devido ao disparo de tiros na quarta-feira em Moçambique nas manifestações de contestação dos resultados eleitorais, indicou a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tinha apelado na terça-feira à população moçambicana para, durante três dias, começando quarta-feira, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.
Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia e das quais resultaram cerca de 70 mortos e mais de 200 feridos, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
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