Governo brasileiro vai recorrer às forças armadas para combater violência descontrolada na Bahia
Grupos rivais de traficantes estão em guerra armada pelo controlo do comércio de estupefacientes.
O governo brasileiro vai recorrer às Forças Armadas para tentar pôr cobro a uma assustadora vaga de violência no estado da Bahia, um dos mais procurados por turistas portugueses, onde grupos rivais de traficantes estão em guerra armada pelo controlo do comércio de estupefacientes e se têm enfrentado entre si e com a polícia local. A informação foi avançada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que durante os últimos oito anos foi governador daquele estado brasileiro.
Costa afirmou que está a negociar com outros ministros, nomeadamente o da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o da Defesa, José Múcio Monteiro, a criação de uma força conjunta das Forças Armadas e da Polícia Federal para reforçarem a segurança no estado que governou entre 2015 e 2022. Numa acção emergencial, a Polícia Federal já tem em atuação na Bahia, principalmente em Salvador, a capital do estado, 400 agentes de grupos de elite, e sexta-feira passada, 22, recebeu três blindados que estavam em operação em outras regiões do Brasil.
Desde 2022, quando Rui Costa ainda era governador e comandava as forças de segurança, que no Brasil são estaduais, a Bahia é a região do Brasil com maior número de homicídios intencionais. A vaga de violência, que até esse ano era mais sentida nas periferias distantes, chegou em 2023 ao centro de Salvador e aos bairros mais nobres, com criminosos armados com fuzis de guerra a confrontar-se com traficantes rivais ou com a polícia local no meio da rua a qualquer hora do dia.
Só este mês de Setembro, que ainda nem terminou, confrontos entre supostos traficantes e a polícia já deixaram 46 mortos, sendo 45 suspeitos e um dos agentes da Polícia Federal enviados à Bahia para ajudar as forças de segurança do estado. Desde o início deste ano, a polícia já apreendeu 48 fuzis, uma potente arma de guerra antigamente só usada por forças militares mas que agora se tornou a arma preferida dos criminosos ligados ao crime organizado, mais do dobro do que os 22 fuzis apreendidos ao longo de todo o ano de 2022.
Em diversos bairros de Salvador, como os de Calabar, Alto das Pombas, Federação, São Marcos e Valéria, este último no subúrbio, milhares de estudantes têm ficado dias a fio sem aulas, o comércio passa a maior parte dos dias sem abrir as portas, e até igrejas tiveram de suspender as missas por falta de segurança. Numa demonstração cabal de que ninguém está a salvo, uma bala de fuzil estilhaçou a janela de um apartamento localizado no 13. Andar de um edifício residencial no bairro da Graça, um dos mais nobres de Salvador, por pouco não atingindo os moradores, que tinham acabado de sair da sala.
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