Juiz responsável pelos processos contra Bolsonaro escapou de tentativa de assassinato por sair mais cedo do tribunal

Plano montado por militares de um grupo de elite previa ainda assassinar o então recém-eleito presidente Lula da Silva e vice-presidente Geraldo Alckmin.

20 de novembro de 2024 às 15:42
juiz Alexandre de Moraes Foto: Ton Molina/Reuters
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O juiz Alexandre de Moraes, que comanda os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), escapou por minutos e por pura sorte de uma emboscada montada por militares de um grupo de elite das Forças Armadas que no final de 2022 se organizaram para o raptar e assassinar.

Moraes saiu mais cedo do que de costume do STF, porque a sessão desse dia terminou antes do horário habitual, e passou pelos militares antes de estes estarem prontos para a ação criminosa. 

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Essas informações constam no relatório da Polícia Federal (PF) enviado ao Supremo Tribunal e que baseou as prisões nesta terça-feira de um general, dois tenentes-coronéis, um major e um agente especial da própria PF que terão participado na ação. Os quatro oficiais presos são da força de elite conhecida como “Kids Pretos”, militares treinados para operações especiais de altíssimo risco, e para resistirem a tortura caso sejam capturados, e dois deles até esta terça faziam parte do sistema de segurança da Cimeira do G20, que reuniu dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo no Rio de Janeiro. 

Segundo o relatório, no dia 15 de dezembro de 2022, um mês e meio após Jair Bolsonaro perder as presidenciais para Lula da Silva, um grupo desses militares especializados posicionou-se em locais estratégicos de várias ruas de Brasília, desde o STF até poucos metros da residência de Alexandre de Moraes. A ideia era raptá-lo e depois matá-lo por envenenamento na prisão, ou, se o rapto por algum motivo não desse certo, matá-lo ali mesmo no meio da rua, tanto que o grupo estava preparado para tudo, inclusive furar a blindagem do carro do magistrado usando lançadores de granadas. 

Mensagens obtidas pela PF mostram pelo menos seis militares trocando informações, dizendo que já estavam nas suas posições perto das 20 e 30 daquele dia, e aguardando a passagem do homem que menos de um ano depois, em junho do ano passado, tornaria Jair Bolsonaro inelegível até 2030 e que pode mandar prendê-lo a qualquer momento no âmbito dos muitos processos que o ex-presidente enfrenta na justiça. Contudo, a sessão do STF, que costuma terminar depois das 19 e 30, naquele dia foi mais curta, e o magistrado, que tal como os colegas costuma ficar mais um pouco no tribunal, decidiu ir para casa mais cedo e apanhou os seus potenciais algozes que ainda não estavam preparados. 

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Ainda de acordo com a investigação da Polícia Federal, que esta terça-feira teve alguns trechos divulgados com autorização do próprio Alexandre de Moraes, o plano dos militares previa ainda assassinar o então recém-eleito presidente Lula da Silva e vice-presidente Geraldo Alckmin, para impedir que tomassem posse em 1 de janeiro de 2023. A ideia era instalar o caos e o medo no Brasil para justificar a criação de um gabinete extraordinário com o suporte das Forças Armadas e manter Jair Bolsonaro no poder a pretexto de garantir a ordem e a paz social, mas com o intento claro de o transformar num ditador e eternizá-lo no cargo. 

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