Lecornu avisa que ausência de orçamento é o "verdadeiro perigo" para França
Chefe do Governo francês defendeu a necessidade de um acordo com os socialistas, de quem depende a estabilidade do executivo.
O primeiro-ministro francês avisou esta segunda-feira que o "verdadeiro perigo" para a economia francesa é a ausência de orçamento aprovado até ao final do ano, procurando acalmar críticas do setor empresarial face a novos impostos.
"A verdadeira questão que devia assustar o mundo empresarial é a falta de um orçamento no final do ano", defendeu Sébastien Lecornu, durante o fórum Choose France - um encontro anual dedicado ao investimento estrangeiro - e perante um grupo de líderes empresariais.
O chefe do Governo francês defendeu a necessidade de um acordo com os socialistas, de quem depende a estabilidade do executivo, sublinhando que "a ideia de compromisso agora é evitar o pior amanhã".
"O mundo empresarial precisa de compreender que tudo o que estou a tentar fazer é um esforço de última hora", disse Lecornu.
As associações empresariais criticaram as novas medidas fiscais aprovadas no debate orçamental, que incluem aumentos e criação de impostos sobre as empresas, bem como alterações que poderão comprometer o objetivo de reduzir o défice público para menos de 5% do produto interno bruto (PIB) até 2026.
Lecornu procurou tranquilizar os investidores, assegurando que alguns dos novos impostos "nunca serão aplicados" por serem "inconstitucionais ou carecerem de base fiscal", e anunciou que vai pedir a intervenção do Conselho de Estado para os anular.
O antigo primeiro-ministro Michel Barnier, que renunciou em 2014 após a rejeição do orçamento, criticou duramente a estratégia orçamental do Governo e afirmou que Lecornu "abriu um diálogo, mas o resultado são impostos por todo o lado".
A Assembleia Nacional retomou hoje o debate sobre o orçamento do Estado, depois de uma pausa polémica de fim de semana, e tem até domingo para votar o proposta antes de o enviar ao Senado, com quase 2.000 emendas ainda por discutir.
Lecornu já assegurou que não vai recorrer ao artigo 49.3 da Constituição, que permite provar o orçamento por decreto, evitando uma votação parlamentar.
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