Mulher britânica recusa devolver pintura italiana do século XVI roubada há 52 anos

Quadro foi identificado em 2017, quando Barbara de Dozsa tentava vender a obra num leilão.

10 de março de 2025 às 18:44
'Madonna e Filho' de Antonio Solario Foto: Art Recovery International/ Instagram
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Uma mulher de Norfolk, no Reino Unido, recusa-se a entregar um quadro italiano do século dezasseis que foi roubado de um museu no norte de Itália há mais de 52 anos.

A pintura 'Madonna e Filho’ do artista Antonio Solario desapareceu sem deixar rasto depois de ter sido roubada do Museu de Belluno no início do século vinte.  

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A obra, presente nas bases de dados de arte roubada da polícia, foi recentemente encontrada na posse de uma mulher britânica, segundo o The Guardian.

Antonio Solario era italiano e várias das suas obras estão presentes na National Gallery em Londres. A pintura foi adquirida pelo Museu de Belluno em 1872, onde esteve até 1973, quando foi roubada juntamente com várias outras pinturas. 

Algumas das obras foram descobertas, na Áustria, pouco depois do roubo, mas a ‘Madonna e Filho’ acabou por ir parar às mãos de Barbara de Dozsa, que reivindica ser dona da peça.  

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Em 1973, o ex-marido de Barbara, Baron de Dozsa, trouxe a pintura de boa-fé para a casa do casal em Norfolk. A habitação, também do século dezasseis, era descrita pelo Rei Henrique VIII como o seu “pequeno palácio do campo”. 

Em 2017, Barbara tentou vender a obra através de uma casa de leilões regional, mas foi identificada por uma pessoa ligada ao Museu de Belluno, que confirmou tratar-se de uma das obras “mais procuradas” pelas forças policiais, incluindo a Interpol e a Polícia Carabineira Italiana. 

Devido a atrasos provocados pelo confinamento da COVID-19, as autoridades italianas não conseguiram entregar os documentos pedidos pela polícia britânica e a pintura foi devolvida a De Dozsa em 2020. 

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Christopher Marinello, advogado especialista em arte, tentou persuadir repetidamente para que a obra seja entregue ao dono. “É a coisa certa a fazer”, afirmou Marinello. 

A mulher defende que o facto de a polícia ter devolvido a pintura comprova que é proprietária legítima da obra. Contudo, segundo Marinello, a polícia declarou que “não atribuiu de forma alguma um proprietário à obra”. 

Segundo o advogado, a mulher não gosta o suficiente da pintura para a pendurar nas paredes de casa dela. Mas, as taxas necessárias para resolver o problema, que rondam as 6 000 libras (cerca de 7 100 euros), levaram o ex-casal a não devolver a obra. 

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Marinello entendeu, então, que garantindo o pagamento das taxas, a pintura seria devolvida. Depois de pedir permissão à polícia italiana e de encontrar uma empresa seguradora disponível para reembolsar esse valor, Barbara Dozsa alegadamente mudou de opinião. 

“O marido dela [de Barbara de Dozsa] não pagou mais de umas centenas de libras, em 1973. Vale algo entre 60 000 [71 000 euros] e 80 000 [95 000 euros] libras”, garantiu o advogado. Marinello garante ainda que a mulher se recusa a cooperar com as autoridades, a não ser que lhe paguem o valor total da peça. 

Contudo, se Dozsa não devolver a pintura, também não poderá vendê-la, segundo Marinelli. “Nenhuma casa de leilões legítima irá tocar na pintura... Os carabineiros têm-na nas bases de dados e nunca vão tirar. Assim que ela [a pintura] chegue a Itália, será apreendida”, explicou o advogado. 

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