"Não vou jogar dominó com Lula e Temer no 'Xadrez'", diz Bolsonaro
Presidente do Brasil ataca os seus antecessores. Cresce a contestação à iniciativa de celebrar golpe militar de 1964.
Na ressaca de mais uma derrota na batalha em curso com o Congresso, que chumbou uma proposta de emenda constitucional que dava mais poderes ao governo, Jaír Bolsonaro reafirmou que não vai mudar a sua postura nas relações com os deputados.
E disparou contra os antecessores que estão a pagar contas à Justiça: ""Não vou jogar dominó com Lula e Temer no 'Xadrez'", promete Bolsonaro
Segundo a Folha de São Paulo, o presidente brasileiro recebeu esta quarta-feira um grupo de empresários e garantiu-lhes que não vai negociar as leis que o seu executivo quer aprovar nos mesmos moldes dos seus antecessores - obrigados a verdadeiras cambalhotas políticas e muitos acordos obscuros para fazer passar leis por umas assembleia onde existem 35 partidos.
Jaír Bolsonaro rejeitou as críticas que chovem à péssima articulação política com o Congresso e voltou a dizer que não negociará cargos com os deputados e senadores nos moldes tradicionais.
Para Bolsonaro, os problemas de Lula e Temer com a justiça devem-se a "negociações pouco republicanas" durante seus respetivos governos. Lula foi condenado e preso. Michel Temer foi detido na semana passada e libertado na segunda-feira.
Cresce contestação à comemoração do golpe militar de 1964
Numa outra frente de oposição, Bolsonaro soma adversários, depois de, na segunda-feira, ter lançado o repto aos militares que celebrem o golpe militar de 1964, que abriu caminho a uma longa e sangrenta ditadura no Brasil. Segundo a Globo, no próprio Exército são muitas as vozes de altas patentes que dizem que celebrar a data é criar hostilidades desnecessários.
A secção do Rio de Janeiro Ordem dos Advogados do Brasil diz mesmo que a comemoração da data é inconstitucional e promete combatê-la na Justiça. A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, vinculada ao Ministério Público Federal defende que o apoio do presidente da República a um golpe naqueles moldes poderia configurar crime de responsabilidade
A Comissão Nacional da Verdade - estabelecida para esclarecer os factos de um regime que durou mais de 20 anos - reconhece que houve pelo menos 434 mortes e desaparecimentos de opositores por razões políticas durante a ditadura de 1964 -1985.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt