Neandertais praticavam "canibalismo seletivo" de mulheres e crianças no norte da Europa

Conclusão foi retirada de análises a restos de esqueletos descobertos na terceira gruta do sítio arqueológico das Grutas de Goyet, na Bélgica, datados entre há 41 mil e 45 mil anos.

21 de novembro de 2025 às 10:42
Neandertais Foto: Getty Images
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As mulheres e crianças Neandertais que viveram no Pleistoceno Superior, no norte da Europa, foram vítimas de "canibalismo altamente seletivo", segundo um estudo conduzido por investigadores de França, Bélgica, Alemanha e Estados Unidos.

A conclusão foi retirada de análises a restos de esqueletos de Neandertais descobertos na terceira gruta do sítio arqueológico das Grutas de Goyet, na Bélgica, datados entre há 41.000 e 45.000 anos.

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Embora as práticas canibais desta subespécie hominídea extinta sejam uma hipótese já corroborada por evidências encontradas noutros sítios, o sítio de Goyet é singular por o canibalismo se ter centrado sobretudo nas mulheres adultas e nas crianças.

"O perfil biológico das vítimas, identificado pela primeira vez, revela que pertenciam a um grupo externo à comunidade, para a qual foram provavelmente levadas para serem consumidas como alimento, e não num contexto ritualístico", destacou o Centro Nacional Francês de Investigação Científica (CNRS, na sigla em francês), um dos participantes no estudo, num comunicado de imprensa divulgado na quinta-feira e citado pela Efe.

Isto é sugerido pela "presença de restos mortais semelhantes aos encontrados nos ossos de animais consumidos pelos habitantes do sítio arqueológico de Goyet", explicaram as fontes.

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O estudo, publicado na quarta-feira na revista Scientific Reports, contextualiza estas análises no final do Paleolítico Médio, período que, no norte da Europa, se caracterizou por uma grande diversidade cultural entre os grupos Neandertais e pela presença emergente do Homo sapiens.

Sugere que estas formas de canibalismo podem ser um sintoma de "tensões territoriais".

Antecedem diretamente "o desaparecimento dos Neandertais na região", observou o CNRS, no comunicado.

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"Estas conclusões baseiam-se em dez anos de investigação que envolveram uma reavaliação da coleção de Goyet através de análise de ADN, datação por radiocarbono, medições isotópicas para determinar a origem geográfica dos indivíduos e reconstruções virtuais que permitem a análise morfológica destes ossos humanos, por vezes muito fragmentados", especificaram os autores do estudo.

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