O inimigo do Kremlin que dedicou a vida a expor Putin: Quem foi Alexei Navalny
Ativista sobreviveu a uma tentativa de envenenamento e cumpria pena na prisão onde morreu.
Alexei Navalny foi uma das vozes mais ativas contra a presidência de Vladimir Putin, tendo sido detido na Rússia em 2021. Dedicou grande parte da sua vida a tentar expor o líder russo e sobreviveu a uma tentativa de envenenamento, em 2020.
Um antigo membro do partido nacionalista, Navalny, impulsionou em 2011 uma onda de protestos contra eleições fraudulentas na Rússia e corrupção no governo.
As manifestações, que resultaram na primeira detenção do ativista, juntaram um número recorde de pessoas. Esses protestos levaram a que fosse detido pela primeira vez.
A reputação começou a construir-se quando em 2013 conseguiu 27% dos votos numas eleições para a câmara de Moscovo. Navalny, advogado de profissão, começou a dedicar a vida a investigar Putin e a partilhar, em vídeo, o que conseguia descobrir.
As revelações foram criando inimizades no seio do Kremlin. Navalny chegou a revelar imagens de um palácio luxuoso de Putin, mansões e iates do ex-presidente Dmitry Medvedev.
O vídeo com o palácio de Putin foi visto mais de 100 milhões de vezes, no youtube. O Kremlin disse que era "pseudo-investigação" e o presidente russo considerou-o "aborrecido".
Em 2020, Navalny entrou em coma, suspeitando-se que tenha sido envenenado, e foi levado para a Alemanha para tratamento. Recuperou e regressou à Rússia em 2021, quando foi detido e sentenciado a pena de prisão superior a 30 anos.
A prisão na qual se encontrava era considerada uma das duras do mundo. Conhecida como 'Polar Wolf' (Lobo polar, em português), fica localizada na Sibéria, e os reclusos são habitualmente vítimas de agressões, humilhações, choques elétricos além de serem deixados em celas frias nus, ou com roupa molhada.
Depois de ter sido sentenciado, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos decretou que deveria ser libertado imediatamente, sob ameaça de colocar em risco a vida de Navalny.
O ativista iniciou uma greve de fome e defendeu que as autoridades na colónia penal não estavam a dar o devido tratamento aos seus problemas de saúde.
Era na prisão que estava esta sexta-feira, quando foi comunicada a sua morte. O Kremlin disse que não tem informações sobre as causas da morte.
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