O relato de quem já foi ao fundo do mar ver os destroços do Titanic
Tom Zaller descreve viagem inesquecível e "assustadora" ao fundo do mar.
Visitar os destroços do Titanic é uma aventura inesquecível. Quem o garante é Tom Zaller, presidente e CEO da Imagine Exhibitions e produtor da exposição "Titanic: The Exhibition", que há 23 anos fez a viagem até ao fundo do mar para ver (e filmar) o túmulo aquático do transatlântico.
Tom Zaller disse à AFP que a viagem aos destroços vai tornar-se cada vez mais fria e escura e descreve a expedição como "assustadora".
"Quando se começa à superfície, está bem quente por dentro. Mas conforme se desce, fica frio", referiu Tom Zaller à agência de notícias francesa.
A viagem de Zaller aconteceu há mais de duas décadas. "O submarino é uma esfera pressurizada de dois metros de largura", descreveu. "Há um assento de piloto no centro e dois bancos de cada lado, com três vigias. No topo há um portal de entrada, e quando se desce até ao interior do submarino, fechamo-lo por dentro e não há forma de voltar atrás. É um grande compromisso", acrescentou.
O CEO confessou estar "apavorado" durante a viagem. Assim que o submarino começa a descer as águas azuis começam a ficar cada vez mais escuras. Durante cerca de duas horas e meia não há nada para ver. O submersível vai conservando toda a energia para a usar no fundo do mar.
"Quando se olha para fora do portal, está um pouco nublado. E quando se obtém a flutuabilidade, começa-se a viajar para a frente e passa por essa nuvem. Imagine passar por aquela nuvem e estar neste ambiente perfeitamente imóvel no fundo do oceano, sabendo que está a 3800 metros de profundidade e a ver um pedaço de destroços, um pedaço gigante do Titanic. Podemos ver uma chávena ou um bule de chá, a lateral do navio que ficou separada do resto da embarcação e a banheira do capitão Smith cheia de água", contou.
Tom Zaller recorda que o submersível se trata de uma embarcação muito pequena e que fica a três quilómetros e meio de profundidade. Lembra-se de pegar numa câmara e começar a filmar. Quando voltou a ver o vídeo diz ter ficado "apavorado".
O produtor conhece Nargeolet, que morreu no submersível Titan, assim como Rush, com quem esteve em contacto poucos dias antes da tragédia.
Recorde-se que este domingo um submarino desapareceu, com cinco pessoas a bordo, durante uma visita aos destroços do Titanic, no fundo do oceano Atlântico Norte, cerca de 600 quilómetros a sudeste do Canadá. Esta quinta-feira, a Guarda Costeira dos EUA confirmou a "implosão catastrófica" do submersível e a morte de todos os passageiros.
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