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“Quem me dera ter falado”: Realizador James Cameron desconfiou de fabrico do submarino Titan desde o primeiro momento

Realizador de 'Titanic' e explorador do fundo do mar diz que soube desde o início que o submersível tinha implodido.

23 de junho de 2023 às 11:53

O realizador James Cameron revelou, esta quinta-feira, que quando ouviu que a empresa OceanGate estava a fazer um submersível com um casco de fibra de carbono e titânio achou que "era uma ideia terrível". Cameron disse ainda que percebeu, desde o início, que o Titan tinha implodido.

O realizador James Cameron revelou, esta quinta-feira, que quando ouviu que a empresa OceanGate estava a fazer um submersível com um casco de fibra de carbono e titânio achou que "era uma ideia terrível". Cameron disse ainda que percebeu, desde o início, que o Titan tinha implodido.

"Achei que era uma ideia terrível. Quem me dera ter falado, mas presumi que alguém seria mais inteligente do que eu, porque nunca tinha usado essa tecnologia, mas soou-me mal", relevou o realizador do filme ‘Titanic’ à agência Reuters, na sequência da confirmação de que o submersível Titan tinha sofrido uma "implosão castastrófica", matando as cinco pessoas que se encontravam a bordo

James Cameron fala com conhecimento de causa, uma vez se tornou explorador do fundo do mar nos anos 90, quando fazia pesquisa para o oscarizado ‘Titanic’, e já fez dezenas de expedições. Além disso, é coproprietário da empresa Triton Submarines, que fabrica submersíveis para turismo e investigação.

As causas da implosão do submersível Titan ainda não foram apuradas, mas Cameron acredita que os críticos estavam certos ao alertar para o facto de que um casco de fibra de carbono e titânio permitiria a separação das camadas e a entrada microscópica de água, levando a que, progressivamente e ao longo do tempo, houvesse uma falha na embarcação.

Segundo a Reuters, vários especialistas desta indústria e um funcionário da empresa OceanGate fizeram soar alarmes em 2018, criticando a OceanGate por não procurar certificação e estar a operar uma embarcação experimental.

A Guarda Costeira dos EUA disse, esta quinta-feira, que o submersível terá implodido durante a expedição aos destroços do Titanic, mas que será preciso tempo para que seja feita uma investigação conclusiva.

Peritos da Marinha dos EUA disseram ao Wall Street Journal que foi registada uma "anomalia como uma implosão ou explosão na zona onde estava o submersível Titan quando as comunicações foram perdidas", algo que James Cameron soube desde o início. 

O realizador afirmou à Reuters que as suas fontes reportaram informação idêntica e que soube que o submersível estava perdido desde o início, suspeitando que implodiu no momento em que o navio-mãe perdeu as comunicações e a capacidade de rastrear a localização do submersível, 1h45 após a missão ter tido início.

"Recebemos a confirmação, cerca de uma hora depois, de que tinha havido um enorme estrondo no momento em que as comunicações foram perdidas. Um estrondo no hidrofone. Perda de comunicações. Soube o que tinha acontecido. O submersível tinha implodido", disse o realizador norte-americano.

Segundo a Reuters, Cameron enviou mesmo um email a alguns colegas, na segunda-feira, a dizer: "Perdemos alguns amigos" e "Está no fundo em pedaços, neste momento".

Para Cameron, a morte das cinco pessoas que se encontravam a bordo do Titan marca a primeira fatalidade nesta indústria, que tem por norma fabricar cascos de pressão de materiais contíguos como o aço, titânio, cerâmica ou acrílico.

"Celebramos a inovação, certo? Mas não devemos utilizar veículos experimentais com passageiros que pagam [a experiência] e que não são engenheiros oceânicos", criticou o realizador.

"Agora há um naufrágio ao lado do outro pelo mesmo maldito motivo", sublinhou Cameron, recordando que tanto no caso do Titanic como do Titan houve avisos que foram ignorados.

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