“Ouvi gritos e vi sangue por todo o lado”, conta jornalista do CM e CMTV
Ágata Rodrigues estava nas Ramblas quando se deu o ataque terrorista.
Faltavam poucos minutos para as cinco da tarde e tinha acabado de passear pelas Ramblas, antes de entrar no El Corte Inglés - junto à praça da Catalunha. Já lá dentro, comecei a ouvir gritos e vi pessoas a entrarem horrorizadas e ensanguentadas. Tentei perceber o que se passava, mas o pânico e o terror estavam instalados. Até que um homem, que guiava outra pessoa numa cadeira de rodas, me disse, em lágrimas, que viu uma carrinha a atropelar várias pessoas.
Contou-me que conseguiu fugir a tempo, mas que viu a morte à sua frente. As portas do El Corte Inglés foram fechadas de imediato. Mas víamos o horror através das janelas: muitas pessoas no chão, a perder de vista, outras a correr em todas as direções, marcadas com a cor do sangue.
Ficámos meia hora fechados no centro comercial, até termos autorização para sair. Dali consegui ver melhor as Ramblas e a azáfama dos médicos a tentar socorrer os feridos. O apoio às vítimas foi muito rápido.
As autoridades tinham estabelecido um perímetro de segurança, mas depressa perceberam que era preciso alargá-lo.
Depois, a polícia pediu-nos para sair da zona da praça da Catalunha. Voltei novamente a ouvir gritos. Olhei para trás e vi centenas de pessoas a correr e a entrarem numa loja, a poucos metros do local do atropelamento. Segui o exemplo. Aí permaneci durante mais de uma hora, longe da entrada principal, antes de regressar ao hotel. O sentimento de insegurança cresceu. A polícia explicou que era melhor ficarmos ali, porque aquele local agora fazia parte do perímetro de segurança. Éramos mais de 80 pessoas lá dentro. Foi através das redes sociais que ficámos a perceber a dimensão da tragédia. Uma enorme tragédia.
Reunião de emergência
O ministro do Interior italiano, Marco Minniti, convocou para hoje uma reunião antiterrorista extraordinária em Roma, após o atentado que fez pelo menos 13 mortos e 100 feridos em Barcelona, nordeste de Espanha.
A reunião extraordinária da Comissão de Análise Estratégica Antiterrorista está marcada para as 11:00 locais (10:00 de Lisboa) no ministério, com a participação dos responsáveis das forças policiais e dos serviços secretos, precisou o ministério italiano em comunicado.
Numa conferência de imprensa realizada terça-feira, Minniti tinha recordado que o nível de ameaça terrorista continuava "elevado" tanto em Itália como num grande número de países do Mundo, mas acrescentou não existir então "qualquer indício de ameaça iminente". O primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, expressou a sua solidariedade no Twitter: "Barcelona, a esplêndida, a amiga, é atacada. A Itália está em contacto com as autoridades locais e espanholas", escreveu.
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