PAN rejeita jogos de palavras sobre aviões nas Lajes e quer esclarecimentos
"É importante não nos refugiarmos em jogos de palavras e percebermos exatamente qual é a finalidade", referiu Inês de Sousa Real.
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, rejeitou esta sexta-feira "jogos de palavras" sobre o uso da base das Lajes por aviões dos Estados Unidos rumo a Israel, exigindo ao ministro da Defesa, Nuno Melo, esclarecimentos transparentes.
"É importante não nos refugiarmos em jogos de palavras e percebermos exatamente qual é a finalidade. Compreendemos que sendo os Estados Unidos e pertencendo à NATO possa haver aqui questões de não haver um direito de limitação da utilização, mas ainda assim é importante que o ministro venha esclarecer efetivamente qual o destino destes aviões", disse à Lusa a dirigente do PAN, no Porto.
Falando à margem de uma ação de campanha do candidato independente do movimento Fazer à Porto, Filipe Araújo, que o PAN apoia, Inês Sousa Real vincou que "se o destino era Israel e se esse destino fosse conhecido, é evidente que Portugal tem de se posicionar, do ponto de vista internacional, no sentido de garantir que os direitos humanos prevalecem sobre quaisquer interesses económicos, relações comerciais ou até mesmo institucionais entre Portugal e Israel".
"Neste momento, o genocídio que está a acontecer na Faixa de Gaza deve convocar todos os estados-membtos, sem exceção, a posicionarem-se inequivocamente ao lado dos direitos humanos e ao lado dos milhares de crianças que estão, neste momento, a perder o direito à infância, dos civis inocentes que estão a perder a sua vida neste massacre que está a acontecer na Faixa de Gaza", vincou.
Assim, "mais do que refugiar-se ou escudar-se em jogos de palavras para justificar, provavelmente, o injustificável, é importante que Nuno Melo venha esclarecer o país e que, acima de tudo, se perceba o que aconteceu efetivamente".
Questionado sobre o pedido de demissão do ministro feito pelo BE relativamente a este caso, a deputada única do PAN disse que este é "o tempo dos esclarecimentos", admitindo, porém, que "Portugal tenha ficado arredado de algum conhecimento e informação".
"Dando o benefício da dúvida, aquilo que o PAN entende é que primeiro é o tempo de pedir esclarecimentos, mas pedimos que haja transparência naquilo que é a informação ao país", vincou.
Inês de Sousa Real considerou ainda "fundamental que o Governo apoie e garanta a proteção não só dos portugueses que estão na flotilha, mas também que se posicione, do ponto de vista internacional, no sentido de garantir que não existe qualquer tipo de coação sobre as pessoas que foram detidas, em particular a Sofia Aparício, a Mariana Mortágua e também o Miguel [Duarte]", para que "possam regressar em segurança a Portugal"
"E queremos mais: não nos podemos esquecer que a Assembleia da República aprovou, ainda na semana passada, uma proposta do PAN que visa permitir a abertura dos corredores humanitários para que as crianças feridas e órfãs em Gaza possam ser ajudadas e que o corredor humanitário comece por ser aberto precisamente ajudando as crianças que são feridas e que não têm como ser socorridas", assinalou.
O primeiro-ministro lamentou esta sexta-feira que tenha havido "um erro processual" no caso das aeronaves norte-americanas que fizeram uma escala nas Lajes a caminho de Israel, mas recusou qualquer demissão no executivo por esta razão.
À margem de uma iniciativa autárquica na Nazaré, Luís Montenegro falou aos jornalistas sobre a informação divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de que três aeronaves norte-americanas fizeram uma escala na base açoriana das Lajes com destino a Israel, sem comunicação prévia ao Governo português.
"Lamento que tenha havido um erro processual no início, quando a questão foi suscitada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, que está neste momento identificado e não há mais nada a dizer sobre isso, porque tudo o resto foi uma tramitação perfeitamente normal", afirmou.
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