PM da Gronelândia quer investimento e agradece apoio da UE em "tempos difíceis"
Perante os eurodeputados, afirmou também que 2025 foi um ano "agitado, se não dramático, para a Gronelândia".
O primeiro-ministro da Gronelândia, Jens-Frederik Nielsen, instou esta quarta-feira a União Europeia (UE) a investir nos recursos naturais e infraestruturas, agradecendo o "forte apoio" do bloco nos "tempos difíceis" que a ilha atravessa.
"A UE tem sido uma amiga fiel e esteve ao nosso lado quando mais precisámos. Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos à UE pelo seu forte apoio à Gronelândia nos tempos difíceis que estamos a atravessar neste momento. Apoiaram-nos como amigos e parceiros", declarou o político, num discurso proferido perante o plenário do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, em que foi aplaudido de pé.
Perante os eurodeputados, afirmou também que 2025 foi um ano "agitado, se não dramático, para a Gronelândia".
No discurso, o primeiro de um líder da Gronelândia perante os eurodeputados, avisou que "o mundo está a mudar, e está a mudar rapidamente".
"A Gronelândia não é alheia à mudança (...). Precisamos uns dos outros para enfrentar as mudanças, tanto os desafios como as oportunidades", sustentou.
"Precisamos de cooperação e parcerias com países e instituições que partilhem os nossos valores. A UE tem sido um parceiro estável, confiável e importante para a Gronelândia há mais de 40 anos", disse o governante.
Nesse sentido, defendeu que a ilha e a UE podem "oferecer soluções" e "criar novas oportunidades para ambas em termos mutuamente benéficos".
Nielsen afirmou que os minerais críticos da Gronelândia "têm o potencial de alterar os equilíbrios globais e de segurança", mas, avisou, é preciso agir "rapidamente".
"A Gronelândia está preparada para avançar com a União Europeia para acelerar o ritmo", assegurou.
O líder gronelandês alertou ainda para o impacto das mudanças climáticas, referindo que o Ártico está a ser transformado pela aceleração das alterações climáticas, pela poluição transfronteiriça e pela perda de biodiversidade.
Sustentou também que a Gronelândia é construída com base na cooperação e que o povo "decide cooperar a partir de valores fundamentais como igualdade e respeito mútuo".
Numa breve declaração à imprensa antes de entrar no hemiciclo e questionado sobre as relações com os Estados Unidos, o primeiro-ministro salientou que uma ligação mais forte entre a Gronelândia e a União Europeia "não fecha a porta à cooperação com outros países", mas deixou claro que o "respeito mútuo" deve ser o ponto de partida em qualquer relação bilateral.
A Gronelândia foi uma colónia sob a coroa da Dinamarca até 1953, quando se tornou uma província do país do norte da Europa. Em 1979, a ilha recebeu autonomia e, 30 anos depois, tornou-se uma entidade autónoma. Continua a fazer parte do reino dinamarquês.
Tanto a Dinamarca, que atualmente detém a presidência rotativa do Conselho da UE, como a Gronelândia rejeitaram as recentes ofertas do Presidente norte-americano, Donald Trump, para comprar a ilha. O líder dos Estados Unidos não descartou o uso da força militar para assumir o controlo do território rico em minerais.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou o apoio dos 27 do bloco comunitário ao território.
"Este Parlamento estará sempre ao lado do povo da Gronelândia no que diz respeito ao seu direito de escolher o seu próprio caminho e à sua integridade territorial. Quando a Gronelândia olhar para a Europa, encontrará amigos e aliados", afirmou.
"Com a Gronelândia como parceiro estratégico, estamos a trabalhar lado a lado para reforçar a estabilidade em todo o Ártico, combater ameaças híbridas e enfrentar os crescentes riscos de segurança", sublinhou ainda.
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