PM nepalês demite-se devido a onda de protestos contra bloqueio de redes sociais

Até ao momento, morreram 19 pessoas nas manifestações.

09 de setembro de 2025 às 10:51
Sharma Oli Foto: Frank Franklin II/ AP
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O primeiro-ministro nepalês demitiu-se esta terça-feira na sequência de uma onda de protestos antigovernamentais contra a proibição de acesso às principais plataformas de redes sociais e o aumento da corrupção, em que moreram 19 pessoas.

Sharma Oli, que inicialmente recusou abandonar o cargo apesar das exigências dos manifestantes, cedeu finalmente e apresentou a sua demissão numa tentativa de conter os protestos, que afetam principalmente Katmandu.

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Pouco antes, o ministro da Agricultura nepalês, Ramnath Adhikari, também se demitiu, depois de o secretário do Interior, Rasmesh Lekhak, ter anunciado, na segunda-feira, a sua saída do Governo.

Adhikari citou a "resposta autoritária" do Governo aos protestos, nos quais as forças de segurança usaram munições reais contra civis, como a principal razão para a sua demissão.

"Em vez de reconhecer o direito da população de questionar a democracia e de se manifestar, o Estado respondeu com repressão, assassinatos e uso da força, levando o país para um modelo autoritário em vez de democrático", afirmou.

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Dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas da capital do Nepal nos últimos dias para expressar a sua indignação contra a decisão das autoridades de bloquear a maioria das plataformas de redes sociais, incluindo o Facebook, a X e o YouTube, alegando que as empresas não se registaram e não se submeteram à supervisão governamental.

"Parem com a proibição das redes sociais, parem com a corrupção, não com as redes sociais", gritaram as multidões, agitando bandeiras nacionais vermelha e azul.

A manifestação foi chamada de protesto da 'Geração Z', referindo-se às pessoas nascidas entre 1995 e 2010, por terem sido estes os jovens que constituíram os principais opositores da decisão governamental.

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Cerca de duas dezenas de plataformas de redes sociais amplamente utilizadas no Nepal receberam repetidamente notificações para registar as suas empresas oficialmente no país, informou o Governo.

As que não se registaram estão bloqueadas desde a semana passada.

TikTok, Viber e outras três plataformas registaram-se e operam sem interrupções.

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A medida das autoridades foi tomada depois de o Governo ter enviado um projeto de lei para debate no parlamento que visava garantir que as plataformas sociais são "adequadamente geridas, responsáveis e prestam contas".

O projeto inclui a obrigação das empresas nomearem um gabinete ou ponto de contacto no país.

O projeto de lei tem sido amplamente criticado como uma ferramenta de censura e punição dos opositores do Governo que expressam os seus protestos 'online'.

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Os grupos de defesa dos direitos humanos classificaram a medida como uma tentativa do Governo de restringir a liberdade de expressão e violar os direitos fundamentais.

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