“Porque nos abandonaram? Ficámos entregues a Deus”

Moradores de Mati dizem que não houve qualquer alerta para a aproximação das chamas.

27 de julho de 2018 às 01:30
Bombeiros prosseguem buscas na localidade de Mati. Ainda há dezenas de desaparecidos Foto: EPA
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters
O rescaldo dos incêndios na Grécia um dia depois da tragédia Foto: Reuters

1/9

Partilhar

Quatro dias após a tragédia, a dor começa a transformar-se em revolta. Sobreviventes, familiares de vítimas e um país em estado de choque exigem respostas. O jogo da culpa já começou.

Pub

"Não houve qualquer aviso, nada", relata uma moradora de Mati, a estância balnear arrasada pelas chamas. "Os sinos da igreja não tocaram, as sirenes não soaram, ninguém nos avisou".

Estas e outras queixas foram feitas na cara ao ministro da Defesa, Pannos Kammenos, o primeiro governante a visitar Mati. "Porque nos abandonaram? Ficámos entregues à mercê de Deus", diz, entre lágrimas, uma moradora.

Pub

O governo diz que cada localidade tem um plano de evacuação e cabe à câmara acioná-lo, mas esta alega que a ordem deve vir dos bombeiros. "Os bombeiros gritaram ‘Fujam!’, mas isso não é uma ordem de evacuação", diz o presidente da câmara. Já os bombeiros culpam a polícia, por desviar o trânsito para a praia, para onde se dirigia o fogo.

Enquanto se trocam acusações, as buscas prosseguem. "Os mais idosos devem estar dentro das casas. Temos de ter muito cuidado. Não podemos usar a mangueira para fazer o rescaldo porque a pressão da água pode desfazer os corpos carbonizados. Hão-de acabar por aparecer", diz um bombeiro. Ontem foram encontrados mais dois corpos, fazendo subir o número de vítimas para 85.

"Corri pelo meio das chamas e pensei que era o fim, que não ia conseguir escapar"

Susan Stephos é britânica mas reside há vários anos na Grécia. Na segunda-feira, quando as chamas envolveram a sua casa, fugiu com o seu cão, mas este seguiu numa direção diferente e nunca mais o viu.

Pub

"Corri pelo meio das chamas e pensei que era o fim. Julguei que não ia conseguir escapar", contou no hospital.

Esconderam-se atrás das rochas

Os britânicos Fred e Suzanne Cogdell estavam de férias em Mati. Quando viram o fogo a aproximar-se do hotel, correram para a praia e só tiveram tempo de se esconderem atrás de umas rochas quando as chamas chegaram.

"Vimos muitas crianças queimadas, foi terrível", dizem.

Pub

Depois do fogo, a chuva

Chuva torrencial causou ontem inundações na localidade de Maroussi, nos arredores de Atenas, a poucos quilómetros da zona arrasada pelas chamas na tarde e noite de segunda-feira.

A forte precipitação causou inundações repentinas em vários pontos da localidade, e várias dezenas de viaturas foram arrasadas por uma torrente de água e lama.

Os bombeiros receberam mais de 200 pedidos de ajuda relacionados com inundações em casas e estabelecimentos mas, apesar dos importantes danos materiais, não há vítimas a lamentar.

Pub

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar