PR angolano apela aos privados e defende mudança de paradigma económico em África
Chefe de Estado considerou que o modelo de investimentos concentrados nas indústrias extrativas "tem que fazer parte do passado".
O Presidente angolano e presidente em exercício da União Africana apelou este domingo ao reforço do papel do setor privado como parceiro no desenvolvimento do continente, sublinhando a urgência de África deixar de ser vista apenas como fornecedora de matérias-primas.
"Tenho razões de sobra (...) para convidar os investidores a olharem para África não apenas como fornecedora de matérias-primas, mas como a nova fronteira de transformação produtiva, de inovação tecnológica e de competitividade global", afirmou João Lourenço este domingo em Nova Iorque na Mesa Redonda de Alto Nível de Diálogo Nações Unidas, União Africana.
O chefe de Estado considerou que o modelo de investimentos concentrados nas indústrias extrativas "tem que fazer parte do passado" e apelou a novas parcerias estratégicas, com maior incorporação de valor acrescentado em cadeias agroindustriais, mineração e setores de transformação produtiva.
"A nossa visão em África aponta para a necessidade e a urgência de se mudar o foco da simples exportação de matérias-primas em estado bruto", sublinhou, acrescentando que o setor privado "desempenha um papel central como motor da inovação, da criação de emprego e da diversificação económica, constituindo-se como parceiro indispensável na construção do futuro de África".
No discurso, o Presidente angolano destacou ainda a Zona de Comércio Livre Continental Africana como "a maior oportunidade económica" do tempo atual, ao integrar mais de 1,3 mil milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto superior a três biliões de dólares.
Para João Lourenço, este quadro cria "condições únicas para investir, expandir operações e prosperar em segurança", impulsionando a industrialização e a retenção de riqueza no continente.
O líder africano apontou igualmente as reformas estruturais em curso em vários países, que reforçam a atratividade do continente, como a modernização de infraestruturas, a diversificação das economias e a consolidação da estabilidade macroeconómica, fatores que, disse, tornam África "uma realidade presente de oportunidades e de crescimento".
João Lourenço sublinhou ainda que as Parcerias Público-Privadas "assumem um papel decisivo" no financiamento e expansão de infraestruturas críticas de energia, transportes, telecomunicações e água", permitindo aliviar os orçamentos públicos e libertar recursos para a resolução de problemas sociais.
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