Principal partido da oposição moçambicana acusa Governo de intimidar corpo diplomático

Ossufo Momade não reconhece os resultados das eleições autárquicas proclamados pelo Conselho Constitucional e convocou a população para manifestações.

25 de novembro de 2023 às 15:17
ossufo momade Foto: Twitter
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O presidente da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, Ossufo Momade, acusou este sábado a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, de "intimidação ao corpo diplomático" e de fraude nas eleições autárquicas de 11 de outubro.

"Porque o partido Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder] tem consciência da sua amarga derrota, assistimos, muito recentemente, à mandatária deste partido vestida de capa de ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação a intimidar o corpo diplomático acreditado na República de Moçambique e das organizações internacionais para não manifestar as suas posições em relação à fraude eleitoral", disse Ossufo Momade.

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O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) falava durante uma conferência de imprensa em que anunciou que o principal partido da oposição não reconhece os resultados das eleições autárquicas de 11 de outubro proclamados na sexta-feira pelo Conselho Constitucional (CC).

"Aproveitamos esta ocasião para agradecer a estas entidades [internacionais] pelo apoio aberto à paz e à democracia em Moçambique", declarou Momade.

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A comunidade internacional, prosseguiu, não deve ceder a "ameaças" alegadamente feitas pelas autoridades moçambicanas, porque "acima da Frelimo está o povo moçambicano e os seus interesses".

Na quarta-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo, disse aos embaixadores que acredita que o processo das sextas eleições autárquicas vai "terminar bem", pedindo que a comunidade internacional confie nas instituições do país para resolver os diferendos.

"Temos fé que este processo, como os anteriores, vai terminar bem pois os moçambicanos querem a paz e desenvolvimento do país", foi a mensagem que Verónica Macamo transmitiu, disse aos jornalistas José Matsinhe, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citando a chefe da diplomacia, depois de uma reunião à porta fechada, em Maputo, com as missões diplomáticas representadas em Moçambique, entre as quais do Brasil, Itália, Angola, África do Sul, França, Quénia, Rússia, Japão e China.

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No encontro, a ministra e o corpo diplomático falaram das três fases das sextas eleições autárquicas de 11 de outubro, nomeadamente a pré-eleitoral, eleitoral e pós-eleitoral, tendo a governante moçambicana referido que o processo demonstrou a "vitalidade, crescimento e consolidação" da democracia do país.

Para a ministra, segundo o porta-voz, todas as fases do escrutínio decorreram de acordo com os princípios e normas do Estado de direito moçambicano, considerando que a "participação massiva" dos eleitores foi uma "ilustração clara do cumprimento dos seus direitos e deveres".

A chefe da diplomacia moçambicana apelou para que a comunidade internacional confie no povo e nas instituições do país na resolução dos seus diferendos, agradecendo também aos diplomatas pelo apoio e solidariedade.

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Além de ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo é mandatária da Frelimo junto aos órgãos eleitos).

Este sábado, o presidente da Renamo disse em Maputo que o principal partido da oposição não reconhece os resultados das eleições autárquicas proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), convocando a população para manifestações.

O CC, a última instância de recurso em processos eleitorais em Moçambique, proclamou na sexta-feira a Frelimo vencedora das eleições autárquicas de 11 de outubro em 56 municípios, contra os anteriores 64, com a Renamo a vencer quatro, e mandou repetir eleições em outros quatro.

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"Em face desta vergonha para a democracia e a negação da vontade dos moçambicanos, o partido Renamo reitera que não reconhece os resultados divulgados", afirmou o presidente da Renamo, em conferência de imprensa.

A principal força política da oposição "encoraja todos os moçambicanos a prosseguirem com as manifestações" e vai recorrer a organismos internacionais para a reposição da "verdade eleitoral", continuou.

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