Rússia vai aumentar IVA para financiar despesas com a guerra
Economia do país tem estado a abrandar, levando o Estado a procurar novas fontes de receita.
O Ministério das Finanças da Rússia propôs esta quarta-feira um aumento do IVA para financiar as despesas militares exponenciais, após mais de três anos e meio de guerra na Ucrânia.
A Rússia tem suportado gastos exorbitantes para financiar a ofensiva lançada em fevereiro de 2022, o que alimentou, durante algum tempo, um forte crescimento económico.
Contudo, a economia do país tem estado a abrandar, levando o Estado a procurar novas fontes de receita.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou na terça-feira que a Rússia enfrentava "graves problemas económicos" e gastava "a maior parte do dinheiro a combater a Ucrânia".
Com um défice orçamental equivalente a cerca de 43 mil milhões de euros desde o início do ano, o Ministério das Finanças russo propôs aumentar o IVA de 20% para 22% a partir de 2026.
O ministério garantiu tratar-se de uma medida necessária "visando sobretudo financiar a defesa e a segurança".
A proposta de aumento do imposto sobre o consumo de bens e serviços foi recebida com reações divididas nas ruas de Moscovo.
"É horrível. Acho que este aumento da taxa é uma loucura", disse Svetlana Vassilenko, contabilista de 68 anos, à agência de notícias France-Presse (AFP).
"Conheço muitas pessoas que têm empresas e mesmo com o IVA a 20% já é difícil para elas", acrescentou.
Outros russos mostraram-se dispostos a apertar o cinto.
"Se o Estado não consegue encontrar dinheiro noutro lado, então não há alternativa. O que há para discutir? Se for preciso, é preciso", declarou Fyodor, que combateu na Ucrânia em 2023 e preferiu não revelar o apelido.
O aumento do IVA foi acompanhado do anúncio de um aumento do salário mínimo para 27.093 rublos (pouco mais de 275 euros, ao câmbio atual).
Trata-se de um aumento de mais de 20% face ao valor atual, segundo o primeiro-ministro, Mikhail Mishustin, citado pela agência de notícias oficial TASS.
Mishustin disse que a medida contribuirá para um aumento salarial para 4,5 milhões de pessoas.
As despesas do Estado aumentaram mais de 75% desde a ofensiva contra a Ucrânia em 2022.
Responsáveis e especialistas têm alertado que os gastos com a guerra poderão ter esgotado a capacidade de Moscovo de estimular a economia, que poderá cair em recessão.
O aumento das despesas de Defesa permitiu à Rússia contrariar as previsões de que as sanções ocidentais maciças fariam colapsar a economia do país.
Mas esses gastos também provocaram uma escalada da inflação.
O défice de cerca de 43 mil milhões de euros nos primeiros oito meses do ano, equivalente a 2% do PIB (Produto Interno Bruto), é três vezes superior ao registado no mesmo período em 2024.
Um buraco orçamental de dimensão semelhante é esperado para o próximo ano, segundo propostas de orçamento publicadas hoje.
A economia da Ucrânia foi devastada pela guerra, com Kiev a depender em larga medida do apoio financeiro dos aliados ocidentais.
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