Senado dos EUA volta a desafiar Trump ao revogar tarifas sobre o Canadá
Moção apresentada pelos democratas foi aprovada por 50 votos contra 46.
O Senado dos Estados Unidos aprovou, esta quarta-feira, a revogação das tarifas impostas às importações canadianas pelo Presidente, num novo desafio à política comercial de Donald Trump, após ter abolido as tarifas ao Brasil.
A moção apresentada pelos democratas foi aprovada por 50 votos contra 46, embora esta ação seja em certa medida simbólica, uma vez que precisa de seguir para a Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso), onde tem poucas hipóteses de ser aprovada.
Na terça-feira, a câmara alta do Congresso tinha aprovado uma legislação apresentada pelo senador democrata da Virgínia Tim Kaine para anular as tarifas alfandegárias ao Brasil.
Os mesmos quatro senadores republicanos --- Lisa Murkowski, Susan Collins, Mitch McConnell e Rand Paul --- votaram novamente com todos os democratas a aprovação da resolução aplicável ao Canadá.
Mesmo que sejam aprovadas pelo Congresso, as resoluções serão vetadas por Trump.
Embora as resoluções não entrem efetivamente em vigor, revelaram-se uma forma eficaz de os democratas exporem as divergências entre a política comercial do Presidente e os senadores republicanos que tradicionalmente apoiam o comércio livre.
A votação desta quarta-feira, ocorreu enquanto Trump estava na Ásia para avançar com negociações comerciais com parceiros locais.
O Presidente tem-se também desentendido com as autoridades canadianas no meio de uma delicada negociação para reduzir as tarifas entre os dois países.
Kaine disse que as votações são uma forma de forçar um debate no Senado sobre "a destruição económica das tarifas" e acrescentou que planeia apresentar ainda esta semana resoluções semelhantes que se aplicam às tarifas de Trump.
Trump relacionou as tarifas ao Brasil com as políticas do país e com o processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado.
Washington teve um excedente comercial de 6,8 mil milhões de dólares (5,8 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) com o Brasil no ano passado, de acordo com estatísticas oficiais.
Em abril, quatro republicanos votaram com os democratas para bloquear as tarifas ao Canadá, mas o projeto de lei nunca foi analisado na câmara baixa.
Kaine disse esperar que as votações desta semana mostrem como está a crescer a oposição republicana à política comercial de Trump.
Para promover as votações, Kaine invocou uma lei com décadas de existência que permite ao Congresso bloquear os poderes de emergência de um presidente e que os membros do partido minoritário forcem a votação das resoluções.
O Supremo Tribunal também vai analisar em breve um caso que contesta a autoridade de Trump para implementar tarifas abrangentes. Tribunais inferiores consideraram a maioria das suas tarifas ilegais.
Alguns republicanos sublinharam, por isso, que vão esperar pelo desfecho deste caso antes de votarem contra as medidas do presidente.
Kaine planeia também apresentar uma resolução para colocar um travão à capacidade de Trump de realizar ataques militares contra a Venezuela, à medida que as Forças Armadas intensificam a sua presença e operações na região das Caraíbas.
O senador sublinhou que isso permitirá aos democratas saírem da defensiva enquanto estão em minoria e, em vez disso, forçarem votações em "pontos de desconforto" para os republicanos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt