Supremo do Brasil abre processo contra ex-juiz da Lava Jato por suspeita de fraude e chantagem

Segundo a investigação, Sérgio Moro gravou conversas comprometedoras de juízes e desembargadores para os chantagear.

15 de janeiro de 2024 às 15:45
Sérgio Moro Foto: LUSA
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O Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) instaurou um processo contra o ex-juiz da Operação Lava Jato, o hoje senador Sérgio Moro, acusado de fraude num depoimento colaborativo, de chantagem, coação e organização criminosa, pois a ação inclui igualmente procuradores do Ministério Público que na altura atuaram naquela operação contra a corrupção.

O processo foi instaurado por ordem do juiz Dias Toffoli, do STF, a pedido da Polícia Federal e do novo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet.

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A investigação levada a cabo pela Polícia Federal detetou crimes graves atribuídos a Moro e aos procuradores da Lava Jato num acordo de colaboração com a justiça feito no início dos anos 2000 entre o então poderoso magistrado e um deputado do estado do Paraná, Tony Garcia, na altura uma figura de grande destaque na política regional. Esse acordo, considerado um dos embriões do que depois foi a operação anti-corrupção Lava Jato que deu fama internacional a Sérgio Moro, ficou por mais de duas décadas guardado sob sigilo absoluto. Vara Criminal da cidade de Curitiba, capital do Paraná, que o ex-juiz comandou por muitos anos com mão de ferro, e só recentemente foi descoberto e enviado ao PGR e ao Supremo Tribunal Federal por outro magistrado.

Por esse acordo de colaboração premiada, segundo a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, Sérgio Moro transformou Tony Garcia numa espécie de espião particular, dando-lhe a missão ilegal de gravar secretamente juízes, desembargadores e outras autoridades de alçadas acima da dele. A ideia, diz a investigação, era conseguir gravações que comprometessem essas autoridades, o que Moro e os procuradores em hipótese alguma poderiam fazer, para depois usar as informações conseguidas para fazer chantagem em proveito próprio ou de investigações que o então juiz conduzia.

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Esta segunda-feira, Sérgio Moro, que já foi considerado parcial e suspeito pelo Supremo Tribunal Federal nos julgamentos da Operação Lava Jato, todos anulados por aquele órgão, incluindo os que levaram Lula da Silva para a prisão por 580 dias, afirmou não ter cometido qualquer ilegalidade no acordo de colaboração com a justiça citado na ação. E acrescentou desconhecer igualmente a instauração da nova ação do STF ou a investigação da Polícia Federal contra ele.

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